BPI fecha 2014 com prejuízos de 161,6 milhões de euros

Grupo financeiro diz que sem o impacto de resultados não recorrentes teria um luco de 102,6 milhões.

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António Borges

O BPI fechou 2014 com um prejuízo de 161,6 milhões de euros, em resultado da actividade em Portugal que incorporou 264,3 milhões de euros associados a custos e perdas não recorrentes (sem este impacto, o BPI teria perdido 23 milhões de euros na actividade doméstica). A actividade internacional contribuiu com 126,1 milhões de euros positivos, dos quais 116,9 milhões são provenientes da posição de 50,1% detida no BFA.

Fernando Ulrich, durante a apresentação das contas anuais realizada nesta quinta-feira, optou por destacar a saída do BPI (o primeiro e até agora o único a fazê-lo) da dependência do apoio estatal, três anos antes do previsto. E depois de ter antecipado em um ano o cumprimento das metas fixadas pela Autoridade da Concorrência Europeia, nomeadamente em termos de custos com pessoal (entre 2008 e 2014 deixaram o BPI 1805 trabalhadores, uma redução de 23,2%) e fecho de balcões (redução de rede comercial em 21,2%, encerramento de 171 balcões). 

Apesar dos prejuízos de 161,6 milhões de euros, o BPI encerrou o exercício com um rácio de capital de 8,6% (acima dos 8% recomendados) e recursos de clientes a crescerem 3700 milhões de euros e a margem financeira (rentabilidade) a subir 8,3%.

O presidente do BPI surpreendeu, já na ronda de perguntas e respostas, ao “deixar em casa” o seu estilo habitual e assertivo. E optou por marcar as respostas por um “não vou fazer comentários”, essa “é uma matéria em que não vou prestar declarações públicas”. Isto, quando os temas versavam sobre o quadro político nacional e os vários casos judiciais em curso, ou sobre o acordo colectivo de trabalho dos trabalhadores do BPI, a compra do Novo Banco (o BPI manifestou interesse) ou a relação com Angola.

Quando inquirido sobre se o BPI tinha passado à fase seguinte do processo competitivo de venda do Novo Banco, observou que “qualquer coisa que eu diga pode ser útil” para os adversários. Ainda assim, lá foi dizendo: “Sim, o BPI passou à segunda fase. E tomo por adquirido que todos, ou quase todos, os que manifestaram interesse” também. E defendeu que uma possível compra do Novo Banco pelo BPI “não depende dos resultados de 2014”, que foram negativos, mas da capacidade de ir levantar fundos quer junto dos accionistas, quer do mercado de capitais.

Sobre as eleições na Grécia, que deram a vitória ao Syriza, Ulrich começou por lembrar que “o BPI como instituição não fez” nem emite “qualquer” declaração, até porque o banco não “tem exposição a activos gregos”. Mas revelou estar disponível para dar um comentário mais pessoal sobre o tema: “É muito importante respeitar a democracia” e “só podemos ter o maior respeito pelo que se passa na Grécia”.

Para o banqueiro, deve-se valorizar “positivamente que nas sociedades democráticas os vários sectores da população se vejam representados nos órgãos de poder. E que não haja partes significativas da população que se sintam excluídas.” E, havendo “partes da população que se revêem num partido democrático, e nunca vi que [o Syrisa] não o seja”, então “acho positivo”.

Para Ulrich, é bom “que não sejam sempre os mesmos a liderar o país, que haja rotatividade”. “Eu, pessoalmente, não tenho qualquer receio”, disse. E acredita que todos, União Europeia e Grécia, “vão saber encontrar soluções equilibradas e construtivas para o país”.

“O que vejo é que na Grécia há hoje mais esperança do que antes. O cidadão Fernando Ulrich tem uma leitura construtiva do que está a acontecer na Grécia.”

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