Governador do Banco de Inglaterra critica austeridade na zona euro

Podemos estar à beira de "uma década perdida" se os países ricos não ajudarem os mais pobres, defende Mark Carney.

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Carney defende prosperidade para os cidadãos da zona euro

O governador do Banco de Inglaterra (BoE) criticou a política de austeridade na zona euro, considerando, em plena crise grega, que a incapacidade dos países ricos para ajudar os mais pobres arrisca mergulhar a região numa "nova década perdida".

"A zona euro foi relativamente tímida para pôr em prática as políticas e criar as instituições necessárias para permitir uma prosperidade duradoura para os cidadãos. Já não é tempo de mais medidas", afirmou Mark Carney num discurso proferido na quarta-feira à noite em Dublin.

Carney apelou para que sejam construídas "instituições que permitam uma partilha de riscos, em detrimento daquelas que são apresentadas nas uniões monetárias".

Actualmente, "os progressos em matéria de reformas estruturais na zona euro permanecem desiguais. (...) Os responsáveis da Europa não prevêem, por agora, união orçamental no âmbito da união monetária. Uma tal timidez tem um custo", advertiu.

O governador do BoE acrescentou que "a Europa precisa de um plano global e coerente para reforçar as expectativas, fomentar a confiança e escapar à crise da dívida".

As declarações de Carney surgem poucos dias depois da tomada de posse do novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, líder do partido de esquerda Syrisa, vencedor das eleições gregas de domingo, que quer adoptar uma política económica contrária às dos seus predecessores, travar parte das reformas estruturais em curso nos últimos anos e renegociar a dívida.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, que está em Atenas esta quinta-feira, recordou que não existe maioria na Europa para um perdão da dívida grega, que é superior a 175% do produto interno bruto (PIB).

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