Luís Figo aceita a missão quase impossível de bater Joseph Blatter

O jogador português mais internacional de sempre avança para o trono da FIFA que é ocupado pelo suíço desde 1998. A candidatura do antigo futebolista estava a ser preparada há quatro meses.

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“Ninguém é intocável. Quem pensar assim, está errado" Rui Soares

A FIFA já teve como presidente um antigo árbitro (Stanley Rous), um antigo praticante de pólo aquático (João Havelange) e alguém que se gaba de ter tido uma longa carreira de amador como avançado goleador (Joseph Blatter), mas nunca teve como líder um jogador profissional. Luís Figo pode bem ser o primeiro. O futebolista mais internacional de sempre pela selecção portuguesa anunciou nesta quarta-feira a sua candidatura à presidência do organismo que tutela o futebol mundial e é o sexto a avançar para o lugar, mas só nesta quinta-feira a FIFA irá fechar o prazo de entrega das candidaturas às eleições que se realizam a 29 de Maio próximo, em Zurique.

Esta candidatura de Figo estava a ser preparada há quatro meses. O antigo jogador de 42 anos avança com o apoio da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e de quatro outras federações, tal como exigem os regulamentos, mas a candidatura do antigo médio do Sporting, Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão não revelou quais. Figo junta-se assim ao próprio Joseph Blatter, presidente da FIFA desde 1998, ao francês Jerôme Champagne, ao príncipe da Jordânia Ali Bin Al-Hussein, ao holandês Michael van Praag e ao francês David Ginola, embora o antigo internacional francês esteja a concorrer com o apoio de uma agência de apostas e com fins publicitários.

O vencedor da Bola de Ouro em 2000 entra na corrida com o objectivo de desalojar Blatter do lugar que ocupa desde 1998, ele que, aos 78 anos, concorre a um quinto mandato consecutivo. Apenas nas duas primeiras eleições o suíço teve oposição. Em 1998 Blatter derrotou o sueco Lennart Johansson, na altura presidente da UEFA — 111 votos para Blatter, 80 para Jonahsson, que não quis ir a segunda volta —, e, em 2002, bateu o camaronês Issa Hayatou, o presidente da Confederação Africana de Futebol, por uma margem ainda maior 139-56. Em 2007, Blatter não teve qualquer oposição e, em 2011, o qatari Mohamed Bin Hamman, presidente da Confederação Asiática, retirou-se da corrida a uma semana da votação, com Blatter a recolher 186 em 203 votos possíveis.

Blatter favorito
Para algum dos candidatos ganhar à primeira volta, precisa de recolher, pelo menos, dois terços das 209 federações nacionais filiadas na FIFA. Figo já tem o apoio de cinco (não se sabe se são todas europeias), mas, à partida, não terá o apoio de todos os membros da UEFA (53). Van Praag tem o apoio da federação do seu país, da Bélgica, Suécia, Escócia, Roménia e Ilhas Feroé, enquanto o príncipe da Jordânia conta com o apoio da Federação Inglesa — de Champagne e Ginola não se conhecem apoios.

Já Blatter, estima-se que tenha o apoio da maioria das federações africanas (53 votos), pelo menos metade das asiáticas (47), e, provavelmente, a maioria ou a totalidade na América do Sul (10), Ocêania (11) e América do Norte, Central e Caraíbas (35). “Ninguém é intocável. Quem pensar assim, está errado. Claro que ele está lá desde 1998 e pode ser o favorito para muita gente. Tenho a esperança e a energia e posso dizer que, para mim, é um desafio fantástico tentar convencer as pessoas a seguirem-me”, declarou Figo na entrevista à CNN em que anunciou a candidatura.

Figo irá financiar a sua própria campanha que terá como director Tiago Craveiro, secretário geral da FPF. “Posso pagar as minhas despesas”, garantiu à CNN, frisando que está preparado, apesar de admitir que ainda tem muito para aprender. Uma das ideias que deixou na entrevista é a de que é necessário haver uma melhor distribuição das receitas da FIFA. “A prioridade é saber o que as federações precisam, aumentar-lhes os pagamentos de solidariedade. A FIFA tem tantas reservas que pertencem às federações”, referiu Figo, que também tem como objectivo travar a fuga dos patrocinadores. O português entende que o organismo está descredibilizado: “Do que eu vejo da imagem da FIFA não gosto.”

Durante o dia levantou-se a hipótese de Figo não poder ser candidato por ter sido o embaixador para o Mundial 2014 da empresa de apostas asiática Dafabet, sendo que o código de ética da FIFA impede que os seus responsáveis estejam ligados “directa ou indirectamente” a “apostas, jogo, lotarias e eventos ou transacções relacionadas com jogos de futebol”. Fonte da candidatura garantiu, no entanto, que a ligação de Figo com a Dafabet já cessou.

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