Pico da gripe deve ser atingido dentro de uma ou duas semanas

Portugal já tem reserva estratégica de medicamento usado em casos muito graves

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A mutação só explicará o que se passa numa pequena parte das pessoas infectadas pelo vírus da gripe que ficaram muito doentes Nuno Ferreira Santos (arquivo)

A situação nos serviços de saúde públicos ainda pode piorar nos próximos dias, porque Portugal ainda não atingiu o pico da epidemia de gripe sazonal. O pico da gripe deve acontecer dentro de “uma a duas semanas”, prevê o pneumologista e consultor da Direcção-Geral da Saúde, Filipe Froes, que explica que Portugal está atrasado em comparação com o que se passa actualmente nos países do Norte da Europa, onde a estirpe do vírus influenza em circulação que predomina é a do subtipo A(H3N2), a que afecta mais as pessoas idosas e que por isso provoca habitualmente uma maior mortalidade.

Por enquanto, o subtipo de vírus influenza predominante em Portugal é o B, que está coberto na actual vacina e que é uma espécie de “cavalaria avançada” porque chega primeiro, descreve . O subtipo A (H3N2), que no último boletim do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge  estava presente em cerca de um terço dos casos de gripe detectados até à terceira semana de Janeiro, já é “a tropa pesada”, ilustra.  

A agravar, este ano a estirpe não está complementente coberta na vacina, devido a uma mutação ocorrida já depois da imunização estar pronta. Mesmo assim, os especialistas não se cansam de avisar que a vacinação continua a fazer sentido, porque confere sempre algum tipo de protecção.

No final da epidemia de gripe,  acredita Filipe Froes, a H3N2 deverá ser a estirpe predominante, como está acontecer no Norte da Europa. “Isto vem de Norte para Sul”, explica.  

Quanto à reserva estratégica de um antiviral usado em casos muito graves de infecções respiratórias sobretudo nos cuidados intensivos (o zanamivir endovenoso), que nos últimos dias deu origem a orientações e recomendações aos profissionais de saúde no site da DGS, o pneumologista explica que isto se faz desde 2010 e é “uma história de sucesso”,  porque ajuda a salvar vidas. É um medicamento usado em “última linha” quando  falha outro antiviral que começou a ser usado na pandemia de gripe A, o oseltamivir, esclarece.

Portugal é, aliás,  um dos poucos  países com uma reserva fixa de zanamivir, que está guardada no Hospital de Santa Maria (Lisboa). O tratamento é usado através de autorização de utilização especial, que permite comprar um reduzido número de doses no âmbito de um “programa de uso compassivo” . 

Sobre a compra do medicamento antiviral, o presidente da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), à margem de uma conferência de imprensa sobre a retirada de 20 genéricos do mercado português, salientou a iniciativa da Direcção-Geral da Saúde como “muito oportuna”, explicando que a o Infarmed contribuiu com a “parte regulamentar”. Eurico Castro Alves recusou que a compra pecasse por tardia, lembrando que há sempre uma reserva estratégica no país para utilizar nestas alturas de pico epidémico da gripe.

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