Fitch considera improvável que programa do BCE aumente crédito dado pelos bancos

Para a agência, os países do sul da Europa podem beneficiar mais da medida.

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Mario Draghi pode ter mais motivos para optimismo DANIEL ROLAND/AFP

A agência de notação financeira Fitch afirmou que "é improvável" que o programa de compra de dívida anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE) aumente substancialmente os lucros e o crédito concedido pela banca, mas considera que a medida "reduz os riscos negativos de um período prolongado de deflação".

"Pensamos que é improvável que o quantitative easing estimule os empréstimos nas economias afectadas pela crise da zona euro, apesar da recuperação em alguns países. O enquadramento económico continua a ser frágil, por isso a procura de crédito deve continuar fraca, e o reforço de medidas de regulamentação está a tornar o crescimento do crédito mais difícil para os bancos", afirmam os economistas da agência financeira.

Por isso, consideram, qualquer impacto positivo da medida "é provável que seja temporário", a não ser, apontam, que o balanço dos bancos seja libertado para permitir a concessão de mais créditos ou que "as reformas estruturais reforcem o crescimento económico real e sustentável" na zona euro.

Para a Fitch, os bancos dos países do sul da Europa "podem beneficiar mais" do programa de compra de dívida do que os do norte, mas o impacto "deve depender dos valores e maturidades dos títulos de dívida". Já no norte da Europa, e porque os bancos têm "demasiada liquidez" e as taxas de juro já são muito baixas, o programa pode "distorcer ainda mais" os preços dos créditos, considera a agência.

O BCE vai comprar mensalmente 60.000 milhões de euros de dívida pública e privada a partir de Março e, pelo menos, até Setembro de 2016, totalizando 1,14 biliões de euros, numa ação forte (que os analistas chamam "bazuca") destinada a contrariar o risco de deflação na zona euro.

Este montante poderá, no entanto, ser ultrapassado, uma vez que o BCE admite manter o programa activo "até haver um ajustamento perene da trajectória da inflação em linha com o objectivo [do BCE] de atingir uma taxa de inflação próxima, mas inferior a 2%".

 

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