Históricos que fecham portas e um holandês para impulsionar um projecto olímpico

Em Portugal, há menos de 2000 praticantes de polo aquático federados. Paul Metz, campeão olímpico pela Holanda em 2008, é um dos trunfos da federação para mudar o cenário.

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Issei Kato/Reuters

O facto de as primeiras selecções nacionais de polo aquático terem surgido apenas em 1995 é ilustrativo da fraca implementação da modalidade em Portugal, uma realidade igualmente atestada pelos números: cerca de 1900 atletas federados em todo o país, uma cifra curta quando comparada com as de outras modalidades [segundo os mais recentes dados da base de dados Pordata, em 2012 havia mais de 150 mil praticantes federados de futebol, por exemplo]. E se a discrepância ajuda a explicar parte das dificuldades ao nível da competitividade (ou da falta dela), há ainda a somar ao rol de contratempos o encerramento de alguns históricos da modalidade.

É o caso do Salgueiros, que fechou portas com 15 títulos conquistados e quatro participações em provas europeias – só no masculino. “Esse é um dos problemas: as dificuldades que se têm vindo a abater sobre equipas históricas que, apesar dos bons resultados, depois não têm uma estrutura que as sustente”, queixa-se Jorge Mota, seleccionador da equipa masculina.

Além da falta de tradição da modalidade em Portugal, os responsáveis pelas selecções lamentam ainda a ausência de um leque alargado de escolhas, um problema que se acentua nas mulheres, visto que há apenas 300 praticantes federadas. António Silva, presidente da Federação de Natação, aponta também o dedo a um problema “estrutural”: “O espaço necessário não encontra retorno nas piscinas dos clubes e autarquias. Muitos dos atletas só conseguem treinar entre as 21h e as 24h”.

Ainda assim, assegura que a modalidade está “em desenvolvimento” e que, em breve, poderá dar “um salto”. É que, desde Setembro de 2014, foi posto em prática um programa de capacitação nacional, que visa dotar as 13 associações territoriais afectas à modalidade “de um plano comum a nível técnico e táctico”, explica Miguel Pires, seleccionador da equipa feminina e director técnico nacional de polo aquático. “Uma vez que só nos sub-17 e nos sub-19 é que há selecções nacionais, criámos também as selecções regionais para os sub-13 e os sub-15 se poderem ir habituando às experiências internacionais”, justifica, acrescentando que se estão a lançar as bases para que haja um programa olímpico para 2024, no caso do polo feminino, e para 2028, no masculino. Para isso, a federação recrutou já Paul Metz, um técnico holandês que em 2008 conduziu a selecção do seu país ao título de campeã olímpica e que está a trabalhar como coordenador do projecto.

Além disso, garante António Silva, na última época as selecções até obtiveram os melhores resultados de que há memória, com a principal equipa masculina a chegar ao 19.º lugar do ranking europeu e a equipa sénior feminina ao nono. E este ano? Miguel Pires acredita que as jogadoras portuguesas podem dar finalmente o salto do campeonato da Europa B – onde têm actuado sempre – para o A, ao passo que Jorge Mota, seleccionador da equipa masculina, antevê mais dificuldades: “Pelo histórico que temos com essas selecções [que Portugal vai defrontar na fase de grupos], penso que será difícil lá chegar. O objectivo imediato é melhorarmos os nossos resultados anteriores.”

Já a nível interno, entre os 28 clubes que praticam polo aquático em Portugal, destacam-se, no masculino, o Paredes (o mais recente campeão), o Clube Naval Povoense, o Sporting e o Fluvial, formação que também brilha no feminino (oito títulos conquistados e três presenças nos quartos-de-final da Liga dos Campeões), juntamente com o Benfica e o Gondomar.

 

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