Um terço dos casos de gripe provocados por estirpe que vacina não cobre

Excesso de mortalidade por todas as causas observado em Portugal está acontecer também noutros países europeus

O pior pode já ter passado, mas as epidemias de gripe são sempre imprevisíveis. Os últimos dados indicam que um terço dos casos de gripe detectados na terceira semana deste ano foram provocados pelo subtipo do vírus A(H3), que inclui estirpes diferentes da que consta nas vacinas administradas nesta época gripal, destaca o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe quinta-feira à noite divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa).

De acordo com o boletim do Insa, na terceira semana, a taxa de incidência da síndrome gripal foi de 122,4 casos por cada 100 mil habitantes. Nas unidades de cuidados intensivos foram admitidos 11 novos casos de gripe.

O A(H3) foi identificado em 32% dos 394 casos de síndroma gripal,  mais do que na semana anterior, mas o vírus influenza do tipo B continua a ser predominante, por enquanto. A estirpe A(H3N2) afecta com mais intensidade as pessoas mais idosas e, em anos em que é predominante, é habitual haver um excesso de mortalidade (mais óbitos do que era esperado para esta altura do ano) "por todas as causas". Seja como for, a Direcção-Geral da Saúde continua a aconselhar a vacinação aos grupos de risco, que incluem os idosos e os doentes crónicos, porque a imunização ajuda a amenizar as complicações provocadas pela doença.

Em Portugal esta é a terceira semana consecutiva em que se verifica um excesso de mortalidade por todas as causas. Os especialistas que elaboram o boletim do Insa notam (e esta é a primeira vez que o fazem) que “este excesso de óbitos foi observado apenas na população com 75 ou mais anos de idade e em todas as regiões do Continente, com excepção do Algarve e regiões autónomas” e destacam que “também nalguns países da Europa foi observado excesso de mortalidade (Inglaterra, Escócia, País de Gales, Holanda e França)”. Acrescentam ainda dados de anos anteriores que provam que, num passado recente, houve Invernos com muitas mais mortes do que era esperado.

O frio extremo, o aumento da incidência das infecções respiratórias agudas e o início da actividade gripal são algumas das causas que as autoridades de saúde invocam para justificar o excesso de óbitos que se registou pela terceira semana consecutiva.

 

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