Estudante turco de 16 anos preso por insultar Erdogan

Rapaz terá acusou o Presidente e o seu partido de corrupção.

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O Presidente Erdogan no seu recém-inaugurado Palácio em Outubro Adem Altan/AFP

A polícia turca deteve um estudante de liceu, acusando-o de ter insultado o Presidente, Recep Tayyip Erdogan – o insulto ao chefe de Estado é proibido segundo o código penal turco e pode ser punido com quatro anos de prisão. A oposição denuncia um “clima de medo, opressão e ameaça”.

O jovem fez as declarações numa cerimónia assinalando a morte de um soldado turco por islamistas nos anos 1920 na cidade de Kenya (centro). Defendeu o secularismo e os princípios de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Turquia moderna. De seguida, criticou o partido de Erodgan, o AKP, e o próprio Presidente por alegações de corrupção. Os que o ouviam gritaram então: “Em todo o lado há subornos, em todo o lado há corrupção.”

O aluno, que não foi identificado, terá ainda dito que o Presidente era “um ladrão dono de um palácio ilegal”, referindo-se tanto a um escândalo de corrupção que abalou o governo enquanto Erdogan era primeiro-ministro como ao controverso palácio presidencial de 1150 quatros inaugurado em Outubro. O escândalo, que começou há um ano, levou à demissão de três ministros e a críticas internacionais à resposta de Erdogan – fortalecer os controlos da Internet e fazer remodelações na polícia, magistrados e juízes.

Passado um dia sobre o discurso, o jovem foi preso e acusado. Os seus advogados já disseram que vão recorrer. Um deputado do principal partido de oposição, o CHP, Atilla Kart, reagiu criticando estas medidas e dizendo que há um “ambiente de medo, opressão e ameaça” na Turquia.

Tem havido mais detenções recentemente, de jornalistas e pessoas próximas de Fethullah Gulen, o líder religioso que Erdogan acusa de estar por trás da “tentativa de golpe” que é como caracteriza as acusações de corrupção contra o seu Governo. A União Europeia pediu “um processo imparcial e transparente” para estas pessoas; Erdogan disse que Bruxelas deveria “guardar a sua sabedoria para si mesma”. 

O Presidente tem feito recentemente uma série de declarações polémicas, dizendo por exemplo que “a nossa religião [o islão] definiu uma posição para as mulheres: serem mães”, pedindo às mulheres para terem três filhos, e dizendo que o planeamento familiar era uma forma de “traição”. Estas afirmações agradam aos seus apoiantes mais conservadores, dizem analistas, mas os mais seculares temem que o AKP esteja a levar o país em direcção ao radicalismo religioso.  

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