Mais de 20 mil passageiros já alteraram viagens por causa da greve na TAP

Serviços mínimos começam a ser discutidos em tribunal arbitral na próxima sexta-feira.

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Greve foi convocada por 12 sindicatos para o período entre o Natal e o Ano Novo Raquel Esperança

Mais de 20 mil passageiros já foram obrigados a alterar as viagens por causa da greve na TAP, agendada para 27, 28, 29 e 30 de Dezembro. A companhia tinha 130 mil passageiros com voos marcados para estas datas, mas uma parte está a pedir o reembolso, com perda imediata de receitas para a empresa.

De acordo com fonte oficial da TAP, “mais de 20 mil passageiros” remarcaram as viagens para datas alternativas ou cancelaram os voos, pedindo a devolução do dinheiro. O número de clientes que desistiu de voar pela companhia no período da greve duplicou em menos de 24 horas, visto que na terça-feira à noite chegava a dez mil.

O tribunal arbitral do Conselho Económico e Social agendou para sexta-feira a primeira reunião onde serão definidos os serviços mínimos a garantir durante o período de greve. Haverá um novo encontro na segunda-feira. Regra geral, ficam sempre asseguradas algumas ligações às ilhas, bem como a destinos com forte presença de comunidades portuguesas.

No entanto, a situação poderá alterar-se drasticamente, caso o Governo decida avançar com a requisição civil para minimizar os impactos destes protestos. A decisão será tomada nesta quinta-feira, em Conselho de Ministros, como o PÚBLICO noticiou. O primeiro-ministro já confirmou, aliás, que o tema será debatido nessa sede.

“Tenho a certeza que o Governo tomará medidas adequadas para que a empresa regresse à normalidade. A questão [requisição civil] será analisada no Conselho de Ministros desta quinta-feira”, anunciou Passos Coelho no final da conferência de imprensa com o primeiro-ministro cabo-verdiano com que encerrou a 3.ª cimeira entre Portugal e Cabo Verde.

O actual Governo nunca recorreu à figura da requisição civil, que permite convocar os trabalhadores para se apresentarem ao serviço em prol do interesse nacional. Aliás, esta medida só foi usada uma vez na TAP, em 1997, por António Guterres.

A comissão de trabalhadores da TAP já reagiu a esta possibilidade, afirmando que se trata de uma "provocação" do Governo. "Isto é provocação atrás de provocação. Era muito mais bem empregue o tempo de uma reunião de Conselho de Ministros se eles reforçassem a ideia da defesa dos interesses e da soberania nacionais, não privatizando a TAP. Ia ser um esforço muito mais bem empregue. Isso da requisição civil, estão a pôr em causa a lei da greve. Isso é muito perigoso", afirmou Vítor Baeta, porta-voz dos funcionários da companhia aérea, à Lusa.

Os 12 sindicatos que convocaram a greve enviaram na segunda-feira uma proposta ao Governo, que exige que a venda do grupo, relançada em Novembro, seja suspensa enquanto decorrerem as negociações. O executivo rejeitou a proposta, pondo completamente de parte a hipótese de colocar o processo em stand-by, mesmo que temporariamente.

Neste momento, existe um braço-de-ferro entre os sindicatos e o Governo que parece muito difícil de ultrapassar. Mas, dentro da própria plataforma sindical, há posições divergentes sobre os motivos da greve e as exigências a reivindicar, o que já levou os tripulantes a abandonar o grupo e a perder o seu presidente.

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