Ah quanto pós-modernismo

Felizmente, há a música de Mozart para compensar, o empenho do elenco e alguns momentos de ironia a não deixar que tudo se torne ainda mais insuportável.

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Mesmo não sendo particularmente original, a ideia que subjaz à mais recente produção de prestígio de Paulo Branco nem é desprovida de interesse, mas fica resumida com mais elegância e inteligência no título do filme do que ao longo das suas duas horas: desmultiplicar as aventuras do sedutor veneziano num jogo de espelhos e identidades que flutua entre verdade e mentira, representação e identidade, presente e passado, teatro e ópera, sublinhando a ideia de Casanova como uma espécie de Scheherzade que sobrevive através das histórias que vai contando.

O problema não é a ideia, é o que se faz com ela; e o austríaco Michael Sturminger, adaptando (com a colaboração de Markus Schleinzer, realizador de Michael) a sua própria criação teatral , sobrecarrega o filme com tanta camada de pós-modernismo, tanta câmara à mão e tanta porta entre teatro e cinema que acaba por nunca explorar nada a fundo. Variações de Casanova faz um vistão a fingir que é profundo mas fica tudo pela rama espertalhona, no exacto oposto, por exemplo, de um Werner Schroeter. Felizmente, há a música de Mozart para compensar, o empenho do elenco e alguns momentos de ironia a não deixar que tudo se torne ainda mais insuportável. <_o3a_p>

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