Fernando Medina e Manuel Pizarro na direcção de Costa para preparar frente autárquica

Os vereadores das câmara de Lisboa e do Porto deverão integrar novo secretariado nacional do PS.

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Manuel Pizarro Adriano Miranda

Fernando Medina e Manuel Pizarro - dois dos homens fortes da nova direcção de António Costa - deverão integrar o secretariado nacional do PS, o órgão executivo, que será eleito na reunião da comissão nacional de domingo de manhã. Manter-se-ão, porém, como autarcas nas respectivas câmaras. O objectivo é começar a preparar, desde já, uma frente autárquica que permita aos socialistas alcançarem um bom resultado nas eleições locais de 2017 nas duas principais autarquias do país.

Fernando Medina, actual vice-presidente da Câmara de Lisboa, deverá assumir a presidência do executivo autárquico em meados do próximo ano, quando António Costa se lançar na campanha das legislativas. Por essa altura, o vereador Duarte Cordeiro, com os pelouros da Higiene Urbana e Estruturas de Proximidade, deverá assumir a vice-presidência do município.

Com a saída de Costa, Fernando Medina, que tem a seu cargo o pelouro das Finanças, Recursos Humanos e Turismo, poderá vir a cumprir dois mandatos e meio na presidência da câmara, se se candidatar e vencer as respectivas eleições. Já a passagem de Duarte Cordeiro pelo executivo lisboeta poderá ser mais curta, e tudo aponta para que cumpra apenas o actual mandato até ao fim.

A ambição do PS em relação à Câmara do Porto é mais comedida. Os socialistas têm um acordo com Rui Moreira, o independente que o Porto escolheu para liderar a autarquia, e pretenderão cumpri-lo até ao final do mandato. O PS está confortável com o entendimento entre Rui Moreira e Manuel Pizarro, que assegura a governação do município. “Estamos a conseguir cumprir algumas das medidas do programa eleitoral que foi sufragado pelos portuenses em Setembro de 2013”, afirma fonte socialista.

Com Rui Moreira ainda em estado de graça, os socialistas começam a fazer contas e, embora consideram que ainda é um pouco cedo para se começar a discutir a estratégica autárquica, admitem que a “possibilidade de o PS não apresentar um candidato que saia directamente das franjas do partido” existe. “Rui Moreira tem feito um excelente mandato, tirando alguns momentos menos bem geridos, como o que aconteceu com o vereador do CDS-PP, Manuel Sampaio Pimentel. Além disso, há uma marca muito grande desta nova câmara na cultura e na habitação social”, disse ao PÚBLICO um dirigente do PS.

Na opinião deste socialista, o PS deve ser verdadeiro e transparente com os seus eleitores. “Ao final de um ano, a coligação funcionou bem e o partido está a conseguir aplicar várias das suas medidas que defendeu na campanha. Estamos todos a cumprir o nosso papel”, diz, frisando: “Não vale a pena entrar nas velhas lógicas de termos um candidato próprio nas eleições autárquicas e, no caso do Porto, onde existe uma governação autárquica boa e que cumpre a palavra dada, não se pode insultar a inteligência dos eleitores”.

Neste contexto, os socialistas poderão optar mesmo por não apresentar um candidato próprio ao Porto, garantindo o apoio ao independente Rui Moreira e, se for essa a opção, o partido ambicionará assegurar a vice-presidência da câmara, um lugar que, na prática, já é desempenhado por Manuel Pizarro, actual vereador da Habitação Social, embora o cargo tenha sido confiado à ex-social-democrata Guilhermina Rego.
A questão que se coloca agora é saber se Tiago Barbosa Ribeiro vai dirigir a concelhia até 2017 à luz dos actuais estatutos do partido ou se o seu mandato será encurtado em dois anos. Este assunto será esclarecido durante o congresso do PS.

A provável entrada de Manuel Pizarro para o secretariado nacional vai implicar mexidas no PS no Norte. Como os estatutos impedem que uma pessoa acumule presenças em dois órgãos executivos do partido, Pizarro terá de renunciar à presidência da concelhia do PS-Porto, um cargo que passará a ser desempenhado por Tiago Barbosa Ribeiro, actual vice-presidente.

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