Benfica entrou na Europa como cabeça-de-série e vai sair como último

“Encarnados” perdem com o Zenit e já não podem seguir para os “oitavos” da Liga dos Campeões. Com o triunfo do Mónaco em Leverkusen, a Liga Europa também passa a ser impossível.

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Hulk foi determinante no golo do Zenit Maxim Zmeyev/Reuters

Quando o sorteio emparelhou o Benfica com Zenit, Mónaco e Bayer Leverkusen pensou-se que este Grupo C seria equilibrado, sem “tubarões”. Se havia alguém que podia ser considerado um “tubarão” neste grupo até seria o Benfica, a equipa do pote 1, a equipa com mais história e com mais experiência europeia. Três meses depois desse sorteio, a realidade é esta. O Benfica está fora da luta por um lugar nos oitavos-de-final da Champions, depois da derrota desta quarta-feira por 1-0, em São Petersburgo, frente ao Zenit, e também não vai seguir para a Liga Europa porque o Mónaco venceu em Leverkusen.

Faça o que fizer no seu derradeiro compromisso europeu da época, a 9 de Dezembro, contra os alemães, a equipa de Jorge Jesus já não irá fugir ao último lugar do agrupamento e esse jogo servirá apenas para tentar amealhar mais alguns euros.

Não foi apenas no frio da antiga Leninegrado que o Benfica comprometeu as suas aspirações na liga milionária, embora tenha sido esta viagem à Rússia a confirmar este desfecho, que se repetiu pela quarta vez em cinco participações no consulado de Jorge Jesus. Os números “encarnados” em cinco jornadas assim o mostram: uma vitória, um empate, três derrotas, dois golos marcados e seis sofridos.

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Jorge Jesus usou o seu melhor “onze” possível, o que quer dizer que, para além dos lesionados já de longa duração, também não podia recorrer a Jonas, indisponível por não estar inscrito nas competições europeias. Ou seja, o lugar de homem mais avançado voltava a pertencer a Lima, bem longe da forma de outros tempos. Do outro lado, estavam vários “velhos” conhecidos, a começar pelos ex-benfiquistas Garay, Javi Garcia e Witsel, mais o internacional português Danny e dois habituais carrascos dos “encarnados”, Hulk e o técnico André Villas-Boas.

O frio que se fazia sentir no estádio Petrovski congelou o jogo durante muito tempo. Nem Zenit, nem Benfica pareciam suficientemente despertos para poderem chegar ao golo. Apenas dois sinais de vida durante a primeira parte, um de cada equipa. Aos 6’, um livre cobrado por Hulk colocou dificuldades a Júlio César, mas o brasileiro ainda conseguiu emendar uma primeira defesa incompleta. Aos 38’, Talisca colocou a bola em Gaitán, que acelerou pelo flanco e fez o cruzamento perfeito para Sálvio, mas o argentino não conseguiu bater o guardião Lodygin.

A segunda parte parecia trazer algo diferente, com o Benfica a entrar disposto a mudar o seu destino. Aos 50’, dupla oportunidade para os “encarnados”. Luisão surgiu isolado na área dos russos, mas atirou tão ao lado que a bola nem chegou a sair e voltou a entrar na área do Zenit onde Jardel cabeceou com igual falta de pontaria.

Nova grande oportunidade para o Benfica dez minutos depois. Gaitán conduziu a bola até à linha de fundo, fez o cruzamento rasteiro, mas a bola seguiu em trajectória paralela à linha de baliza sem que ninguém tivesse encostado para golo.

O Zenit reagiu quase de imediato, aos 63’ num contra-ataque conduzido por Danny, que deixou a bola nos pés de Hulk, mas o avançado brasileiro não foi suficientemente rápido e permitiu o corte de André Almeida.

Com pouco mais de 20 minutos para jogar, Jesus decidiu reforçar o seu ataque, tirando o “ausente” Talisca para fazer entrar Derley e dar alguma companhia a Lima. Foi uma substituição de efeito zero. E o Zenit estava a entrar outra vez no jogo, mesmo tendo sido obrigado a fazer uma segunda substituição devido a problemas físicos – Javi Garcia saiu para dar lugar a Shatov; antes, já Luís Neto tinha entrado para o lugar de Lombaerts.

O minuto 79 foi quando tudo se decidiu. Nova investida de Hulk pelo flanco direito, com o brasileiro a fazer o passe perfeito para Danny. O avançado português estava solto e bateu Júlio César. Se um empate ainda mantinha o Benfica à tona, a derrota era mesmo o único desfecho que não servia para a continuidade na Champions.

A reacção exigia-se, mas ela não aconteceu e o Benfica acabou mesmo a jogar com menos um, devido à expulsão de Luisão em cima dos 90’.

Quando acabou o jogo em São Petersburgo, fechou-se a via da Champions para o Benfica, mas a Liga Europa ainda era uma possibilidade, dependendo do que acontecesse no BayArena. O resultado foi o pior possível, com a equipa de Leonardo Jardim a vencer por 1-0, deixando o Benfica de fora das competições europeias antes do fim do ano civil, algo que já não acontecia desde 2008 e que nunca tinha sucedido com Jorge Jesus. O Benfica entrou na Liga dos Campeões como cabeça-de-série, mas será a única das oito equipas do pote 1 que não vai continuar na Champions. Não vai continuar a retoma do prestígio que tinha conseguido com duas finais europeias nas duas últimas épocas. Agora, o que não serviu para a Europa vai ter obrigatoriamente de servir para consumo interno.

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