Parlamento Europeu vai votar proposta para que empresas como o Google separem serviços de busca dos comerciais

Proposta de resolução pretende impedir monopólios no mercado digital europeu.

Foto
O Google quer compreender "pessoas e relacionamentos" Reuters

Dois eurodeputados prepararam uma proposta de resolução a defender a divisão dos serviços de busca online dos serviços de anúncios publicitários, naquele que é entendido como um dos passos mais audazes para reduzir o domínio de empresas como o Google no mercado digital. A proposta vai a votos no Parlamento Europeu na próxima quinta-feira.

A proposta, a que a Reuters e o Wall Street Journal tiveram acesso, não faz uma menção directa ao Google ou a qualquer outra empresa semelhante, mas é sabido que a empresa norte-americana detém actualmente na Europa cerca de 90% da quota de mercado.

O documento pede à Comissão Europeia que “considere propostas com o objectivo de separar os motores de busca de outros serviços comerciais como uma solução potencial a longo prazo", no sentido de nivelar a concorrência. Apesar de o Parlamento Europeu não ter autoridade para decidir a divisão de uma empresa, uma resolução como esta irá pressionar a Comissão Europeia a ouvir, pelo menos, o que tem para dizer.

É conhecida a preocupação no seio do Parlamento Europeu sobre o domínio crescente de empresas como o Google, e outras companhias norte-americanas, na Internet. A acontecer o que sustenta a proposta de resolução, algumas empresas poderiam vir a sofrer uma forte ameaça ao seu negócio.

A nova comissária da Concorrência, a dinamarquesa Margrethe Vestager, disse recentemente que iria levar algum tempo a decidir qual seria o próximo passo na longa investigação de quatro anos sobre o Google. Vestager sublinhou que antes de qualquer decisão sobre esta questão iria ter em conta os pontos de vista das partes envolvidas no caso e analisar os desenvolvimentos mais recentes do mercado digital.

Ao Wall Street Journal, o alemão Andreas Schwab, eurodeputado democrata-cristão no Parlamento Europeu que com o euroideputado centrista espanhol Ramon Tremosa redigiu a proposta de resolução, defendeu que ter “duas posições dominantes no mercado nunca foi bom”. “Estamos apenas a sublinhar que existem ferramentas que a Comissão pode usar”, acrescentou ao jornal.

Schwab afirmou, por sua vez, à Reuters que é “muito provável” que a proposta seja aprovada pelo seu grupo de centro-direita e pelo principal grupo de centro-esquerda. 

Na última quarta-feira, Schwab e Tremosa sustentaram num comunicado que o Google tinha falhado nas suas propostas durante a investigação à concorrência da empresa pela Comissão Europeia. “O Google continuou a suprimir a concorrência em detrimento dos consumidores e negócios europeus”, acrescentaram.

Até agora, a Google recusou-se a comentar a posição do Parlamento Europeu.

Sugerir correcção
Comentar