Sessenta mil pessoas em manifestação contra o aborto em Madrid

Presidente do Fórum Familia avisou Rajoy - que desistiu de lei que voltava a criminalizar a interrupção voluntária da gravidez - de que haverá consequências eleitorais.

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"Vive e deixa viver", diz o cartaz da marcha que percorreu o centro de Madrid AFP

Foram cerca de 60 mil os espanhóis que, neste sábado, marcharam nas ruas de Madrid, exigindo que o Governo de direita de Mariano Rajoy cumpra uma promessa eleitoral e volte a criminalizar o aborto.

Sob o mote "Cada vida conta", a marcha partiu da rotunda Ruiz Giménez em direcção à Praça Colón — ao chegar à sede do Partido Popular (PP, no poder) ouviram-se apitos e apupos.

O presidente do Fórum da Família, Benigno Blanco, exigiu ao Governo que elimine a lei do aborto. "A sociedade saberá recompensá-lo com o voto", disse, advertindo que se não o fizer haverá consequências eleitorais e novas manifestações, a primeira delas no dia 14 de Março de 2015.

Foi em Setembro que o executivo de Rajoy desistiu do controverso projecto de revisão da lei do aborto. O PP prometera modificar a lei na campanha eleitoral de 2011, mas o projecto de lei, anunciado no ano passado, e aprovado em primeira leitura no Conselho de Ministros de 20 de Dezembro de 2013, abriu um conflito dentro do partido e nas ruas, com os grupos pró-escolha e parte da população a manifestarem-se contra a iniciativa. As sondagens mostraram que a maioria dos espanhóis rejeitava a alteração da lei.

O projecto de lei voltaria a criminalizar a interrupção voluntária da gravidez, ao permiti-la apenas em caso de risco claro para a saúde da grávida. A lei actual foi aprovada em 2010 — durante um Governo socialista — e equiparou a legislação espanhola à da maioria dos países da União Europeia, legalizando a interrupção voluntária da gravidez até às 14 semanas, ou até às 22 nos caso de se detectarem problemas no feto. O aborto no caso de malformação no feto, violação ou perigo físico já tinha sido legalizado em 1985.

A alteração da lei era, dentro do Governo, um projecto pessoal de Alberto Ruiz Gallárdon, que se demitiu quando o Governo desistiu de levar a mudança ao plenário, apesar de ter a maioria dos deputados.

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