A Síria ainda não parou de transbordar

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Refugiados sírios BULENT KILIC/AFP

Os sírios são o maior grupo dos que tentam chegar à União Europeia por mar, mas os que fazem este caminho são uma ínfima parte dos mais de 3 milhões que fugiram da violência e da fome. A esmagadora maioria permanece na fronteira com a Síria, em países em desenvolvimento que viram as suas populações crescer brutalmente – o Líbano, um país de 4 milhões, tem pelo menos 1,3 milhões de sírios.

O êxodo sírio começou logo em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad decidiu esmagar a revolta, mas nunca parou de se agravar. Os sírios demoraram a começar a tentar chegar à Europa de forma ilegal em grandes números, mas era inevitável que isso acontecesse, à medida que o conflito piorava e que os que já se encontram nos países da região se sentem cada vez menos bem-vindos. De Janeiro a Setembro deste ano, as autoridades da União Europeia contabilizaram a chegada de 21.146 sírios, a maioria por mar.

Cinco amigos, Moaaz, Majd, Rasha, Kinan e Khali, começaram a fuga a 16 de Agosto, viajando até Beirute e voando daí para a Argélia. Num vídeo divulgado pelo Guardian, Rasha, irmã de Kinan, conta que pais venderam a casa pagar a viagem. Moaaz gravou o que pôde com o seu telemóvel, às escondidas dos contrabandistas que os levaram da Argélia para a Líbia e, após 22 horas de autocarro, os venderam a rebeldes líbios. Depois de lhes extorquirem 400 dólares a cada e de os deixarem cinco dias no meio do deserto, enfiaram-nos em camiões que levavam 50 pessoas cada. O pior estava para vir: o barco onde lhes disseram que viajariam 250 pessoas levou 540 e os coletes salva-vidas afinal não existiam. A embarcação acabou por afundar e 200 passageiros morreram, incluindo dois jovens do grupo.

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