Passos garante que nunca teve com Barroso "conversa específica" sobre o BES

Primeiro-ministro desvalorizou também polémica em torno das declarações de Rui Machete sobre estado islâmico.

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O primeiro-ministro garantiu esta sexta-feira em Bruxelas que nunca teve com Durão Barroso qualquer "conversa específica" sobre o BES e que em nenhum momento lhe foi proposto uma "reacção mais amiga ou menos amiga" do Governo quanto ao banco.

Pedro Passos Coelho foi questionado pelos jornalistas em Bruxelas sobre se foi abordado por Durão Barroso sobre o BES, depois de o jornal i ter revelado que um plano de salvação do Grupo Espírito Santo e do BES passava por usar o presidente da Comissão Europeia para influenciar várias personalidades e instituições, entre as quais o primeiro-ministro.

"O dr. Durão Barroso nunca, em qualquer conversa que tivesse tido comigo, tratou de expor uma visão sobre o Banco Espírito Santo que pretendesse da parte do Governo português uma reação mais amiga ou menos amiga da solução do problema" do banco, respondeu Passos Coelho, na conferência de imprensa após o fim da cimeira europeia, que decorreu nos últimos dois dias, em Bruxelas.

O primeiro-ministro disse que teve várias conversas com o presidente da Comissão Europeia sobre "problemas que estão ligados com a recuperação económica" ou sobre a "estabilidade do sistema financeiro", mas garantiu que em nenhum momento houve conversas apenas sobre o caso do BES. "Nunca houve nenhuma conversa específica sobre o Banco Espírito Santo", afirmou.

Sem incómodos com Machete
Outro assunto melindroso - as recentes declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros sobre o Estado Islâmico -, também foi desvalorizado por Passos Coelho, que disse desconhecer qualquer incómodo no seio do Governo e garantiu que, pessoalmente, não tem "nenhum problema" com as mesmas.

"Não tenho conhecimento de nenhum incómodo dentro do Governo com as declarações do senhor ministro dos Negócios Estrangeiros e, tendo lido algumas manchetes e algumas notícias também que davam conta disso, tive o cuidado de ir ver as declarações que o senhor ministro fez, e a mim não me causaram nenhum incómodo", afirmou.

"A única coisa que posso dizer é que acho que a própria explicação que foi dada à comunicação social pelo ministro dos Negócios Estrangeiros me satisfaz plenamente. Não tenho nenhum problema com aquilo que disse" Rui Machete, completou o chefe de Governo.

Na sua edição de hoje, o DN revela que, no Conselho de Ministros de quinta-feira, o caso chegou a provocar momentos de grande tensão entre ministros, tendo o ministro da Administração Interna considerado "inaceitáveis" as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros.

"Não vou fazer nenhum comentário sobre essa matéria. A única coisa que quero dizer é que a notícia que hoje veio a público sobre essa matéria, nos termos em que veio a público, não tem qualquer adesão com aquilo que, alegadamente, se terá passado", frisou hoje Miguel Macedo.

Rui Machete enviou ao DN uma carta negando que tenha divulgado qualquer "informação secreta" e recusando ter revelado "qualquer pormenor que permita identificar pessoas concretas" na sua entrevista à Rádio Renascença.

O ministro dos Negócios Estrangeiros fez declarações, na referida entrevista, sobre portugueses envolvidos no autointitulado Estado Islâmico que quererão regressar a Portugal. Segundo o DN de quinta-feira, estas declarações corresponderão a "informação secreta".

O PS pediu na quinta-feira a audição, à porta fechada, do chefe da diplomacia portuguesa no parlamento, por considerar "irresponsáveis" as declarações do titular da pasta dos Negócios Estrangeiros e diz que se poderá estar perante um caso de divulgação de informação sigilosa.

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