Três actores principais com sotaque português

Getúlio, que hoje se estreia, é uma co-produção Brasil- Portugal

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José Raposo, segundo a contar da direita

“Eu tinha uma grande necessidade de actores com caras diferentes para alguns dos papéis principais ” – assim o realizador João Jardim responde ao principal motivo pelo qual quis que Getúlio fosse uma co-produção entre Brasil e Portugal.

O filme é uma parceria entre a Copacabana Filmes e a Midas Filmes. Os actores portugueses Fernando Luís e José Raposo interpretam respectivamente Benjamin Vargas, irmão de Getúlio Vargas, e o brigadeiro Nero Moura, ministro da Aeronáutica da época. Gregório, o temido chefe da guarda de Getúlio, é interpretado pelo luso-brasileiro Thiago Justino, que vivia há 20 anos em Portugal.

“Ensaiamos muito, trouxémos os actores portugueses um tempão antes para que eles se adaptassem ao português do Brasil, chegou ao ponto de que ninguém dizia que eles eram portugueses. Claro, houve três pessoas que perceberam e têm que perceber. O cinema é isso, uma brincadeira, uma farsa. É óptimo que você tenha um português a interpretar Benjamin Vargas. Você não tem lá no cinema americano todas as histórias do mundo faladas em inglês? Cinema não é verdade. O que importa é que o Fernando Luís personificou com muita verdade aquela personagem. O José Raposo foi óptimo e o Thiago Justino um achado”.

Para Tony Ramos, o trabalho dos portugueses foi perfeito, com o sotaque brasileiro e a caracterização física das personagens. O som também é obra de um português. Pedro Melo foi o director de som e a pós-produção áudio foi feita em Lisboa. “ É muito fácil trabalhar com os portugueses, é a nossa cultura. Eu já trabalho nos EUA e é uma dificuldade. O tempo todo você não sabe direito o que o cara está querendo dizer, ele desconfia de você, você desconfia dele. Com o português você consegue entender melhor quem ele é pela forma de ele se expressar ou de escrever." Para Jardim também era importante que Getúlio tivesse uma vida internacional, não ficasse apenas no Brasil.

Mas o que o realizador agora espera mesmo é que os portugueses se identifiquem com o filme. “Getúlio fala do Brasil e de alguma maneira fala também de Portugal. Naquilo que o Brasil é politicamente existe uma influência muito grande que vem dos portugueses, positiva e negativamente falando.” – conclui.

 

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