Os dois ébolas

Impressionante ver como em apenas dois meses o discurso sobre o tratamento, vacinas e cura do ébola mudou.

A transformação aconteceu mal o vírus entrou sem cerimónias na vida do Ocidente. A meio de Agosto, a OMS anunciou que era ético dar os medicamentos experimentais disponíveis a quem tinha ébola. Mas havia um problema: só existiam no mundo 12 doses. Nessa altura, o ébola ainda só matava africanos em África. Hoje sabemos como é fácil ao vírus viajar. No Ocidente, houve apenas 17 casos, quatro dos quais mortais (em África morreram 4500 pessoas). Mas a morte é feroz, rápida e violenta. O Ocidente decidiu que tinha de agir. Quando o medo nos bateu à porta, acelerámos. Passámos das 12 doses para experiências e testes em larga escala em Itália, Reino Unido, Copenhaga, Estados Unidos, Mali, Suíça, Alemanha, Gabão, Quénia e Canadá. E já se fala em semanas (prazos para testes em larga escala), em milhares (de doses) e em milhões (de euros em novo investimento).

Sugerir correcção
Comentar