Metade das empresas de turismo tem resultados operacionais negativos

Estudo do Banco de Portugal adianta que a principal fonte de financiamento do sector é a banca. Nível de incumprimento atingiu os 10% no final do primeiro semestre.

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Cerca de 9% dos empréstimos concedidos pela banca em 2013 foram a empresas de turismo PÚBLICO/arquivo

Metade das empresas do sector do turismo apresentaram, em 2013, um EBITDA (lucros antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) negativo, revela um estudo do Banco de Portugal (BdP) divulgado nesta quarta-feira. De acordo com o documentos, quanto maior é a empresa, melhores são os resultados operacionais.

Cerca de 52% das micro empresas do sector têm um EBITDA negativo, nas pequenas e médias a proporção é de 32% e nas grandes é de 16%. Apesar do resultado, face a 2012 este indicador melhorou nove pontos percentuais nas grandes empresas, sete pontos percentuais nas pequenas e médias e um ponto percentual nas micro.

A maioria das empresas com resultados operacionais negativos opera no alojamento e restauração (58%). Seguem-se as que se dedicam às actividades recreativas e culturais e a dos transportes e logística. Face a 2012, este último segmento “foi o único a verificar um aumento da proporção de empresas nesta situação (dois pontos percentuais)”, escreve o BdP.

O ano passado, a margem operacional do turismo ultrapassou os 9%. Isto significa que por cada euro de proveitos, as empresas tiveram um ganho operacional de nove cêntimos. Face a 2012 a evolução foi positiva, mas ainda está longe dos níveis de 2009.

A estrutura financeira das empresas mostra que apenas um quarto do total do sector é financiado por capitais próprios. Entre 2009 e 2013, “a mediana da autonomia financeira do sector sofreu uma redução de 13 pontos percentuais, contrariamente ao ligeiro aumento verificado no total das sociedades não financeiras”, refere o documento. É nas microempresas de alojamento e restauração que esta realidade é mais visível.

O financiamento conseguido através de empréstimos à banca representava, em 2013, 55% da dívida financeira e 36% do passivo do sector, acima da média das empresas não financeiras em Portugal. No final de Junho 2014, o volume de crédito detido pelo sector do turismo representava cerca de 9% do stock total dos empréstimos bancários concedidos pela banca às empresas nacionais, um ponto percentual acima do que se verificou em 2009.

No que toca ao incumprimento, o rácio de crédito vencido (calculado com a proporção de crédito vencido no total do crédito concedido) atingiu os 10% no final de Junho, valor inferior ao do total das sociedades não financeiras. O incumprimento tem vindo a aumentar desde 2009, “embora a um ritmo inferior no sector do turismo”, ressalva o Banco de Portugal.

O ano passado, o número de empresas em actividade crescer 3%, superior ao aumento de 2% que se verificou no total nacional.

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