Jersey Boys é demasiado estranho para ser banal

O mais interessante, e a vários títulos o mais misterioso, dos filmes deste último período eastwoodiano.

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Jersey Boys: apesar de tudo, o mais interessante dos filmes deste período “desligado” de Clint Eastwood

Se, como tudo o que Clint rodou desde Gran Torino, parece um filme “desligado” (e “desligado”, antes do mais, da obra do seu autor), é também o mais interessante, e a vários títulos o mais misterioso, dos filmes deste último período eastwoodiano.

É a estranheza da narração, e da reconstituição, pois quase parece (New Jersey, os ítalo-americanos, a máfia) um filme de Scorsese “decomposto”, em sucessivas cenas sem marcação cronológica e sem grande cuidado “verista”, como o mostra a falta de preocupação com a maquilhagem dos actores e com outros instrumentos “realistas” de sinalização da passagem do tempo – o que dá um resultado bastante bizarro, bastante singular. Depois há aquela auto-citação estranhíssima – um televisor mostra o jovem Clint, nos tempos em que era protagonista da série Rawhide – e uma série de círculos intrigantes. Como este: a primeira presença de Christopher Walken num filme de Clint Eastwood, ele que foi actor no Caçador de Cimino, onde uma canção dos Four Seasons (“biografados” em Jersey Boys) tinha lugar de destaque, e sem esquecer o “padrinho” de Cimino em Hollywood foi… Clint Eastwood. Não se acredita em coincidências, e tudo isto é demasiado estranho para resultar num filme banal.
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