Seguro versus Costa: e os debates vão a penáltis

As primárias do PS têm nos debates televisivos entre candidatos um dos momentos altos. Hoje realiza-se o último frente-a-frente Seguro Costa e o PÚBLICO recorda os dois primeiros.

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António José Seguro e António Costa enfrentam-se hoje à noite no terceiro e último debate televisivo da campanha das eleições primárias do PS para encontrar um candidato a primeiro-ministro, que será escolhido por um universo de 90 mil militantes e de mais de 150 mil simpatizantes.

O palco será a RTP 1 e o moderador do frente-a-frente é o jornalista João Adelino Faria. O PÚBLICO apresenta-lhe um balanço das ideias que quer Seguro quer Costa defenderam nos dois anteriores debates, o primeiro a 9 de Setembro, na TVI, moderado por Judite de Sousa, e o segundo na SIC, a 10 de Setembro, moderado por Clara de Sousa.

Primeiro debate

António José Seguro
António Costa provocou uma crise no PS, dividiu o partido, impedindo o PS de fazer oposição ao Governo, no momento em que desafiou a sua liderança após duas vitórias eleitorais nas autárquicas e nas europeias. Seguro considera que o comportamento de Costa corresponde a “deslealdade e traição”.

Sondagens davam PS com 36 %. “Não foste solidário com o teu partido nem com o líder do teu partido”, acusou.

Questionou porque não se candidatou Costa há três anos.

O PSD e PS não são as únicas alternativas para os eleitores, há desilusão com os partidos, nomeadamente com o PS e o seu desempenho no Governo anterior.

“Ter votado contra o OE de 2012 teria sido uma irresponsabilidade e teria sido um regresso ao passado que agora está expresso no pensamento de António Costa.”

“Eras o número dois da direcção do PS, nunca te ouvi nada contra o Memorando, mas eu tive de cumprir e tive de honrar.”

“Eu não aumentarei a carga fiscal, não farei isso. E assumirei hoje aqui que me demitirei se não houver outra alternativa.”

“Não aumentarei o IVA, é um compromisso assumido há mais de três anos. Baixarei o IVA da restauração.”

Defende ajustamentos do sistema fiscal para garantir a equidade o sistema fiscal em função das prioridades que são, a economia a crescer. Defende a reindustrialização e diminuir as importações através do aumento da produção nacional.

Apoia António Guterres como candidato a Presidente da República.

Quer maioria absoluta, se não tiver fará um acordo de incidência parlamentar.

António Costa
Candidata-se por “imperativo de consciência” e justifica: o país está num impasse, a política de austeridade fracassou no relançar da economia portuguesa e na consolidação das finanças públicas. O PS tem de afirmar uma alternativa e as europeias não mostraram isso, o PS ficou longe de percentagens que indiciem uma maioria absoluta. O país precisa de um governo forte corporizado pelo PS.

“Só alguém que não tem consciência de qual é o Estado do país pode achar que ir para o poder agora não é uma enorme responsabilidade mas é um prémio.”

“Defendi um acordo entre PS e PSD, mas era um acordo duradouro.”

“Eu defini uma trajectória, que tem agora uma primeira etapa, que são as eleições primárias do próximo dia 28, tem o momento seguinte, que será a realização do congresso do PS, onde apresentarei um documento estratégico para o conjunto da década, que designei de Agenda da Década".

"Devemos ser prudentes neste momento, as eleições legislativas, se nada de anormal acontecer, serão daqui a um ano, no próximo ano há muitas variáveis (…) Os franceses já anunciaram que não vão cumprir as metas fixadas no Tratado Orçamental. Que consequências vamos ter da crise ucraniana? (…) Cumprirei os compromissos que o PS assumiu e que faço meus, como seja a redução do IVA da restauração. Dizermos mais do que isto, neste momento, acho que é imprudente.”

Apoia António Guterres como candidato a Presidente da República.

Propõe a eleição das CCDR em vez de serem nomeados pelo Governo.

Segundo debate 
António Costa
Afirma que das 81 medidas de Seguro só seis e meia são novas, as outras são do PS de Sócrates.

“Nós só sairemos da camisa-de-forças quando tivermos uma economia sã. Um dos erros deste Governo foi achar que saneava as finanças públicas sem tratar da economia.”

“O Estado deve ter um efeito promotor, mas é evidente que são as empresas que têm a capacidade de investir, de gerar emprego e de produzir riqueza.”

Prioridade ao tratamento dos fundos comunitários, lamenta que o PS não o tenha feito.

Acusa Seguro de gastar mais energia a criticar os governos do PS que o Governo actual.

Afirma que a reindustrialização que Seguro defende é uma “decorrência feliz” do plano tecnológico de Sócrates.

Defende que sem crescimento não se resolve o problema da dívida. E acusa Seguro de ter ficado prisioneiro das explicações da direita para a crise.

“A questão da dívida colocar-se-á no momento próprio.”

Defende a aposta nas energias renováveis.

“Para mim não há nenhum partido com representação parlamentar que seja insusceptível de participação em qualquer tipo de governo, não excluo ninguém.”

“Depois da violência social deste Governo, depois do radicalismo ideológico deste Governo e da sua fata de resultados, hoje há uma enorme maioria do contra o actual Governo.”

António José Seguro
Para o crescimento da economia propõe um programa de reindustrialização em três eixos: produtos tradicionais, agricultura e digital.

“Este Governo liberal quer um Estado mínimo para que cada português fique entregue à sua sorte, nós queremos um Estado que tenha bons serviços públicos (…) só assim nós conseguimos combater as desigualdade e combater a pobreza que aumentou no nosso país.”

"Não enjeito nenhum passado do PS, é essa a tradição de um líder e é essa a minha responsabilidade, mas também não trago nenhum passado de volta.”

Diz que a dívida pública é um problema da maior relevância, por isso propôs no Conselho de Estado a sua reestruturação. Defende a mutualização da dívida.

“Queremos honrar todos os nossos compromissos, mas chega de exigir mais sacrifícios sobre os mesmos.”

 “É impossível ser candidato a primeiro-ministro e não ter uma posição sobre a dívida.”

“Sou europeísta (…) o ideal europeu está a ser traído.”

Não fará acordo de Governo com quem quer desmantelar o Estado Social, nem com quem quer sair do euro, nem com quem quer fazer privatizações como a da TAP ou da Caixa Geral de Depósitos.


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