Foi graças ao BCE que o Banco de Portugal descobriu problemas no BES, diz Draghi

Presidente do BCE lembra que ainda não é responsável pela supervisão dos bancos em Portugal mas diz que BCE contribuiu para que o Banco de Portugal tivesse "melhores padrões".

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Mario Draghi afirmou que BCE ajudou Banco de Portugal a melhorar os seus padrões

Foi devido à disponibilização pelo Banco Central Europeu (BCE) dos melhores padrões de supervisão que o Banco de Portugal conseguiu identificar a existência de problemas no BES, defendeu esta segunda-feira Mario Draghi.

A participar numa audiência na comissão de Assuntos Económicos no Parlamento Europeu, o presidente do BCE foi questionado pela eurodeputada portuguesa Elisa Ferreira sobre a responsabilidade da troika (de que faz parte o BCE) na demora na descoberta de perdas volumosas no BES. Draghi negou qualquer responsabilidade da instituição que lidera, afirmando que o BCE ainda não tem a competência de supervisão sobre os bancos portugueses (passará a ter no próximo ano) e salientando que “o envolvimento do BCE no BES foi enquanto parte da troika, não teve um envolvimento específico".

Para além disso, Mario Draghi defendeu que os contributos do BCE foram decisivos para melhorar a forma de actuar do Banco de Portugal, a entidade que tem a seu cargo as tarefas de supervisão. "O BCE disponibilizou à entidade supervisora [Banco de Portugal] melhores padrões, contribuiu para o esforço da troika para formular melhores critérios de análise e foi graças a esses melhores padrões que a autoridade supervisão portuguesa pôde identificar os problemas no BES", disse esta segunda-feira Mario Draghi, citado pela agência Lusa.

As dúvidas em relação à actuação da troika – e em particular do BCE – resultam do facto de vários responsáveis políticos portugueses e europeus terem garantido antes do colapso do BES que, devido à presença da troika em Portugal, o sistema bancário português estava mais vigiado do que nunca.

Isso não impediu contudo que, até Julho deste ano, fossem reveladas diversas surpresas negativas sobre as contas do BES, nomeadamente devido à sua exposição ao Grupo Espírito Santo (GES).

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