Governo pede avaliações ambientais para avançar com novo porto no Barreiro

Administração do Porto de Lisboa já decidiu que é a melhor localização para a infra-estrutura, pondo definitivamente de parte a opção da Trafaria.

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O Governo prepara-se para lançar uma consulta pública junto das autoridades ambientais para perceber que avaliação fazem da transferência do terminal de contentores de Lisboa para o Barreiro. Um passo que vai ser dado depois de a Administração do Porto de Lisboa (APL) ter concluído que esta é a melhor localização para a infra-estrutura, pondo definitivamente de parte a opção da Trafaria, igualmente na margem sul do Tejo e que o executivo tinha anunciado como solução no início de 2013.

Depois de meses de estudos e de consulta junto de diferentes parceiros, a APL remeteu ao executivo a decisão final sobre o novo porto de mercadorias de Lisboa. O Ministério da Economia irá, agora, pedir avaliações sobre o impacto ambiental da instalação desta infra-estrutura no Barreiro, junto aos terrenos da Quimiparque. O Expresso noticiou no sábado que o anúncio será feito nos próximos dias, mas o PÚBLICO sabe que não está nada previsto nesse sentido.

A escolha do Barreiro faz cair por terra a opção que tinha sido anunciada pelo Governo, em Fevereiro de 2013. Numa conferência de imprensa que contou com vários ministros e secretários de Estado, o executivo apresentou um plano de reestruturação que previa a transferência do terminal de contentores para a Trafaria. Esta solução foi, porém, alvo de inúmeras críticas, da oposição a associações ambientais, sem esquecer a líder da Câmara Municipal de Almada à época. Maria Emília de Sousa (CDU) chegou a ameaçar contestar a decisão nos tribunais.

O plano anunciado no início do ano passado estimava em 600 milhões de euros o investimento inicial do novo porto de mercadorias, 80% do qual a ser suportado por investidores privados que ficariam a explorar a infra-estrutura. A obra obrigaria à construção de uma linha ferroviária entre o terminal da Trafaria e a linha do Sul, perto do Pragal, que a Refer previa que custasse 160 milhões de euros. Todos os estudos feitos para sustentar o projecto ficarão, agora, arrumados na gaveta.

Desde o final do ano passado que o Governo tem vindo a dizer que a futura localização do porto ainda estava em estudo. Mas, em Junho, o ministro da Economia confirmou a preferência pelo Barreiro, quando esteve presente na cerimónia de encerramento da semana de homenagem ao industrial do grupo CUF Alfredo da Silva, naquela localidade. “Ainda não é uma decisão final porque ainda estamos a receber os últimos estudos técnicos e ambientais, mas tudo aponta neste sentido, de o porto se localizar nesta área”, afirmou, citado pela Lusa.

A favor desta opção está o facto de a Câmara Municipal do Barreiro a ver com bons olhos. Em declarações ao PÚBLICO, no início de Agosto, o presidente da autarquia referia que o impacto económico “será muito positivo”, já que “vai criar muito significativamente postos de trabalho indirectos, um conjunto de actividades económicas para o concelho”. Carlos Humberto Carvalho garantia ainda que “há já pessoas interessadas em investir, há já algumas empresas a posicionarem-se face à eventual construção do porto”.

O Governo entende que está infra-estrutura é vital para o país para potenciar o crescimento das exportações. Uma das grandes polémicas em redor do tema sempre foi a concorrência que o novo porto poderá fazer a Sines, concessionado à empresa de Singapura PSA. O Expresso adiantava que esta questão terá já sido superada, uma vez que o projecto previsto para o Barreiro é menos ambicioso do que aquilo que estava planeado para a Trafaria.

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