Fenprof diz que cortes na educação custam mais em reprovações dos alunos

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Mário Nogueira esta semana participou num protesto junto ao ministério, em Lisboa Daniel Rocha

Os cortes no investimento em educação resultam em reprovações dos alunos o que custa mais dinheiro ao Estado. Quem o diz é Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), reagindo à divulgação do relatório "Estado da Educação 2013", neste sábado.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou o relatório, em que estima que as repetições de ano têm um "custo directo para o país" de cerca de 200 milhões de euros por ano, uma vez que cada aluno custa ao Estado em média 4415 euros por ano, que cerca de 35% dos alunos com 15 anos já chumbaram pelo menos uma vez e que outros 7,5% estudantes com a mesma idade repetiram o ano duas ou mais vezes.

O sindicalista afirmou que "o dinheiro que hoje é poupado a retirar apoios às escolas e aos alunos provavelmente seria menor do que o gasto que existe com a retenção de alunos que tem de repetir o ano".

Para Mário Nogueira, "as condições que muitos alunos deixam de ter para poderem ter sucesso acabam por custar ao Estado e aos portugueses mais do que custaria ter melhores condições de aprendizagem nas escolas".

Quanto ao método de recrutamento de professores, o CNE defende que é preciso um novo modelo de selecção de docentes que garanta condições ao Estado para escolher os melhores candidatos e que não permita a "inflacção sistemática das classificações finais" dos cursos.

Na introdução do relatório Estado da Educação 2013, o presidente deste órgão consultivo do Ministério da Educação e Ciência, David Justino, põe em causa que o actual modelo de recrutamento de professores, assente em "critérios de seriação", seja o "modelo de profissionalização docente" que mais convém à escola pública.

O líder da Fenprof discorda desta posição, defendendo que o critério actual, que considera a graduação profissional, é "de todos o menos imperfeito". "Nós percebemos que neste país há muita gente que acha que o recrutamento dos professores devia ser feito à escolha mas, como se viu recentemente, quando o recrutamento deixa de ser através de concurso público e da graduação profissional, é muito pior", defendeu.

Para Mário Nogueira, que deu o exemplo da fórmula errada de cálculo das listas da Bolsa de Contratação de Escola (BCE), "o critério que hoje existe não é nenhum critério perfeito, mas é de todos o menos imperfeito", até porque, "até agora, todas as experiências que fugiram a este método deram problemas".

Em causa está um erro na "harmonização de escalas" na fórmula matemática usada para calcular a classificação dos professores nas listas de colocação nas escolas no concurso que ainda decorre, a BCE, criado este ano para dar resposta às necessidades das escolas com contrato de autonomia e escolas Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP).

O "erro" levou o ministro da Educação, Nuno Crato, a pedir desculpa aos professores, pais, deputados e ao país no Parlamento: "Apresentamos as nossas desculpas aos senhores professores, aos pais, ao país, aos senhores deputados. Repetimos, não há erros por parte dos directores, por parte das escolas, há erros por parte dos serviços do Ministério", declarou.

Na sequência deste erro, o director-geral da Administração Escolar, Agostinho Pereira, apresentou ao ministro a sua demissão, tendo o pedido sido aceite.

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