Cavaco elogia o “contributo para a democracia” de Yudhoyono

Os dois chefes de Estado encontraram-se em Belém, 54 anos depois da última visita oficial de um Presidente indonésio a Portugal.

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Daniel Rocha

Quem chegasse à Praça Afonso de Albuquerque, em Lisboa, pouco antes do meio-dia, repararia que a ocasião era solene. Os turistas, às dezenas, aconchegavam-se na esquina da Calçada da Ajuda, em frente do Palácio de Belém, sem poder atravessar. A polícia informava que o passeio, ainda para mais largo, que dá acesso à porta principal da Presidência da República, está interdito. Os carros também são desviados.

Para entrar no Palácio é preciso atravessar para o jardim, passar ao largo, atravessar outra vez, e voltar para trás. Lá dentro, a solenidade é mais descontraída. Na sala das Bicas, onde os dois Presidentes, o indonésio e o português, se juntarão para duas breves declarações públicas, os dignitários de Jacarta tiram selfies ao lado dos imóveis e impecavelmente fardados membros do esquadrão presidencial do Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional Republicana, que observam o resultado pelo canto do olho, enquanto seguram a espada, na vertical.

Há muito mais jornalistas indonésios do que portugueses na sala. Estão, quase todos, de fato escuro, cinzento ou preto. Os Presidentes chegam. Cavaco Silva, o anfitrião, diz ser “uma honra receber o Presidente Yudhoyono”. Mais tarde, o Chefe de Estado indonésio, que termina o seu mandato a 20 de Outubro, dirá, por duas vezes, o nome completo, e com boa pronúncia, de “Aníbal Cavaco Silva”.

Ambos elogiarão as “excelentes relações políticas e diplomáticas” dos dois países. Cavaco acrescentou elogios ao seu homólogo pelo “contributo extraordinário que deu para a consolidação da democracia” na Indonésia. “Só lamentamos que fique tão pouco tempo”, gracejou o Presidente português. Yudhoyono ficou apenas um dia em Portugal, partindo para uma visita oficial aos EUA. De Lisboa leva a certeza de “uma nova fase nas relações” com Portugal.

Afastados estão os tempos do corte diplomático – entre 1975 e 1999 – devido à anexação ilegal de Timor-Leste pelo regime ditatorial de Jacarta. Hoje, há “interesses comuns” na diplomacia dos dois países sobre Timor.

O Governo português assinou com a delegação ministerial indonésia um memorando de entendimento sobre energia e recursos minerais. Enquanto, em Belém, os dois Presidentes trocavam elogios e simpatia, empresários dos dois países reuniam-se, no Hotel Ritz, para estudar formas de aumentar o comércio. Como lembrou Cavaco, a Indonésia é o “maior mercado do sudeste asiático” e Portugal pode ser “a porta de entrada no maior bloco económico do Mundo, a União Europeia”.

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