Objectivo de Stock da Cunha é acelerar venda e minimizar perdas, diz Horta Osório

Presidente do britânico Lloyds mostrou-se satisfeito com escolha de Stock da Cunha para liderar a instituição.

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"O facto de o futuro do banco ser, neste momento, incerto obviamente não ajuda", disse o banqueiro REUTERS/Luke MacGregor

O objectivo da nova administração do Novo Banco, liderada por Eduardo Stock da Cunha, é vender o mais depressa possível a instituição financeira, ao mesmo tempo que minimiza a perda de valor, considerou nesta sexta-feira o presidente do Lloyds, Horta Osório.

"Ver-se-á o que é que a administração do Novo Banco considera que é o timing adequado para poder vender o mais depressa possível, mas, ao mesmo tempo, maximizar o valor no sentido de minorar a perda", afirmou, à margem de um evento em Lisboa.

"É essa sintonia entre ser o mais depressa possível, mas minorar a perda para os restantes bancos e, portanto, para os contribuintes, que é o principal objectivo inicial da administração do Novo Banco", reforçou.

"A obrigação da lei é vender o banco até ao fim do próximo ano. Obviamente, o senhor primeiro-ministro disse que o melhor é vender o mais depressa possível, e penso que toda a gente está de acordo com isso, mas a lei permite vender até ao fim do próximo ano", salientou o presidente executivo do Lloyds Banking Group.

 Stock da Cunha é quadro do segundo maior grupo financeiro britânico, que é liderado por Horta Osório, que já tinha trabalhado com o agora presidente do Novo Banco no Banco Santander Totta, em Portugal, tendo aceitado o desafio que lhe foi lançado pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e estando a cumprir uma comissão de serviço.

"Eu acho que o dr. Eduardo Stock da Cunha é das melhores pessoas disponíveis para liderar este processo e, portanto, congratulo-me com a escolha do senhor governador do Banco de Portugal", assinalou Horta Osório.

E concluiu: "[Stock da Cunha] tem quase 30 anos de experiência em quatro países diferentes, em quase todas as áreas de banca, e pode aportar imenso valor na preparação deste processo, em conjunto com a equipa e com os quadros do BES que, na minha opinião, são quadros excepcionais."

Horta Osório falava à margem de uma iniciativa da Câmara de Comércio Americana em Portugal, que decorreu na manhã desta sexta-feira em Lisboa.
O Banco de Portugal confirmou no domingo que Eduardo Stock da Cunha foi o escolhido para suceder a Vítor Bento na liderança do Novo Banco, depois de o último ter pedido para deixar o cargo, apenas dois meses após ter sido nomeado.

Um activo “atractivo”

Horta Osório considerou ainda que a quota de mercado detida pelo Novo Banco em Portugal torna-o um activo "atractivo", pelo que é natural que surjam vários bancos interessados na sua compra, sobretudo os que já actuam no mercado português.

"Um banco que tem 150 anos de história, com trabalhadores fantásticos que tinham a melhor relação com as empresas em Portugal – e que vão querer ajudar os seus clientes da melhor maneira possível e preservar o valor do banco –, e que tem 15% do mercado português, é um activo sem dúvida atractivo", afirmou o presidente do Lloyds Banking Group.

"Penso que bancos em Portugal que têm posições grandes, mas não dominantes, têm enormes sinergias, interesse e complementaridade no Novo Banco", assinalou Horta Osório.
"Agora, obviamente que, dado o enorme montante de capital que o banco teve de receber, vai haver uma perda e eu penso que o objectivo é minorar essa perda", referiu também.
"O facto de o futuro do banco ser, neste momento, incerto obviamente não ajuda", frisou, apontando ainda para a queda da marca Espírito Santo.

"Um banco que teve de retirar a marca, devido à contaminação em termos de nome, perde um activo importante", constatou.
E salientou: "A situação é obviamente muito difícil. Houve problemas gravíssimos no BES [Banco Espírito Santo] que eu espero que sejam apurados rapidamente, porque o povo português merece que esses problemas sejam apurados e que as responsabilidades sejam clarificadas."

No dia 3 de Agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.

No chamado “banco mau”, um veículo que mantém o nome BES mas que está em liquidação, ficaram concentrados os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas. No “banco bom”, o banco de transição que foi chamado Novo Banco, ficaram os activos e passivos considerados não problemáticos.

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