O Oeste raras vezes foi tão selvagem

Não é o nosso Ford preferido, mas é um dos filmes mais singulares da sua carreira e uma das “charneiras” que abriu caminho à fase “revisionista” do western.

Foto

“O meu nome é John Ford e faço westerns”, reza a lendária frase do mestre Ford; que a frase é redutora estamos todos de acordo, mas a questão da “política dos autores” inventada na Europa é de uma natureza alienígena aos cineastas da era de ouro de Hollywood, onde o cinema não era encarado com a mesma reverência analítica.

Mesmo assim, é difícil olhar para A Desaparecida e vê-lo como “apenas” um western – é como se Ford estivesse a abrir a porta para os bastidores da lenda do velho Oeste, como se o heroísmo mitificado do género começasse a ceder perante o peso da obsessão e da fragilidade de seres humanos procurando manter um semblante de civilização numa paisagem onde ela não existe (poder-se-ia dizer que o Oeste raras vezes terá sido tão selvagem, mesmo que subterraneamente).

Ainda assim: se A Desaparecida não é o nosso Ford preferido, é um dos filmes mais singulares da sua carreira e uma das “charneiras” que abriu caminho à fase “revisionista” do western.

Sugerir correcção
Comentar