Portugal tenta financiamento a 15 anos em nova emissão de dívida

Tesouro contratou seis bancos para realizar leilão. É a primeira vez em seis anos que o Estado tenta emitir dívida com prazo superior a dez anos.

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O IGCP já realizou, este ano, emissões de dívida pública de longo prazo sem o apoio de um sindicato bancário Patrícia de Melo Moreira/AFP

O IGCP, agência responsável pela gestão da tesouraria pública, prepara-se para ir aos mercados internacionais emitir dívida pública com um prazo de 15 anos, tendo já mandatado seis bancos para realizar a operação. É a primeira vez em seis anos que o Tesouro lança um leilão de obrigações com este prazo. A data da emissão não foi anunciada.

O PÚBLICO confirmou junto do IGCP que foram mandatadas seis instituições financeiras para a operação. A agência Bloomberg, que noticiou o lançamento desta emissão, avança que o sindicato bancário responsável por angariar investidores é composto pelo CaixaBI (banco de investimento do grupo Caixa Geral de Depósitos), Morgan Stanley (EUA), Nomura (Japão), Deutsche Bank (Alemanha), Crédit Agricole (França) e Danske Bank (Dinamarca).

A última vez que o Tesouro realizou uma emissão a 15 anos foi em Junho de 2008 (obtendo 3000 milhões de euros, que têm de ser reembolsados pelo Estado português, via IGCP, até Outubro de 2023). Desde aí até à chegada da troika, Portugal continuou a realizar emissões de dívida pública de longo prazo, mas sempre de obrigações a dez anos (o prazo de referência no mercado).

O IGCP voltou a fazê-lo já na última fase em que esteve a receber os empréstimos da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizando emissões sindicadas em que contou com o apoio de um conjunto de bancos, o que lhe permitiu testar o apetite dos investidores com maior grau de segurança, garantir a procura suficiente e, assim, evitar riscos maiores de insucesso da operação.

O passo seguinte foi dado, ainda ao tempo de João Moreira Rato à frente do IGCP, com o lançamento de emissões de dívida já sem a ajuda dos bancos na angariação de investidores. Ao avançar agora para uma emissão a 15 anos, o IGCP volta ao método das emissões sindicadas. Em causa, está a reabertura de uma nova série de dívida de longo prazo não testada nos últimos seis anos. Como o IGCP refere no seu site, um modelo sindicado “permite assegurar o duplo objectivo de colocação de um maior volume de títulos de uma só vez ao preço de mercado e uma elevada diversificação da base de investidores, quer a nível geográfico, quer por tipo de investidor”.

O IGCP, agora liderado por Cristina Casalinho, aproveita o período de acalmia nos mercados para reabrir uma nova linha de obrigações, quando o interesse dos investidores por dívida pública dos países periféricos da zona euro está a colocar os juros em níveis historicamente baixos.

Espanha, aliás, aproveitou a descida dos juros para ir esta semana ao mercado emitir dívida pública com um prazo de 50 anos, tendo conseguido obter na segunda-feira mil milhões de euros a uma taxa de juro de 4%.
 

  

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