Juncker e as mulheres na Comissão

Luxemburguês fez apelo aos países para que reconsiderassem os nomes. Os cenários mais optimistas mencionam oito mulheres na próxima equipa.

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Juncker com dores de cabeça para atingir a quota feminina que desejava para sua Comissão FREDERICK FLORIN/AFP

Uma das maiores dificuldades de Jean-Claude Juncker está a ser conseguir que os países proponham mulheres suficientes para a sua Comissão – o Parlamento Europeu não aprovará um “clube de cavalheiros” mas parece estar a ser difícil conseguir que os Estados-membros escolham comissárias. A equipa cessante de Durão Barroso contava com nove mulheres em 28 lugares.

Uma comissão sem uma forte representação feminina “não será legítima nem credível”, disse Juncker, que terá mesmo pedido que os países “reconsiderassem” as suas escolhas. A equipa deverá ficar fechada após a reunião deste sábado, e será anunciada nos próximos dias.

As contas, segundo a maioria das fontes, continuavam longe do necessário: apenas cinco países nomearam mulheres para a comissão, dos quais dois repetiram comissárias de Barroso: a Suécia (Cecilia Malmström, comissária dos Assuntos Internos), Bulgária (Kristalina Georgieva, comissária da Cooperação Internacional e Ajuda Humaitária), Itália (Federica Mogherini, que acabou de ser escolhida para Alta Representante para a Política Externa), República Checa (ministra do desenvolvimento, Vera Jourova) e Eslovénia (entre vários nomes a favorita é a eurodeputada Tanja Fajon). Países em que havia incerteza poderiam ter mulheres escolhidas: Polónia, Holanda, Bélgica, Itália.

Polónia e Itália acabaram de receber dois dos mais importantes cargos da UE e não havia informação sobre quem enviariam para a comissão. Já na Holanda o caso era mais complicado, pois o país tem a actual presidência do Eurogrupo com o seu ministro das Finanças, Jeroen Dijsselbloem, que não dá sinais de querer sair antecipadamente do cargo quando a chanceler alemã, Angela Merkel, já indicou a sua preferência pelo ministro da Economia de Espanha, Luis de Guindos. Assim, a tendência seria tentar dar a Dijsselbloem uma pasta forte na comissão. Na Bélgica a escolha está dependente de negociações internas.

De resto a grande maioria dos países, desde grandes como países como a Alemanha, França, Reino Unido ou Espanha a pequenos como o Luxemburgo ou Malta ou a Lituânia escolheram homens.

O Reino Unido protagonizou uma das escolhas mais surpreendetes, a de Jonathan Hill, líder da Câmara dos Lordes, que não é considerado figura de primeiro plano. Diz-se que Juncker terá ido ao "google" para saber de quem se tratava. Hill, eurocéptico moderado, não deverá receber uma pasta de peso o que poderá contribuir para a via de afastamento do Reino Unido da UE. Cameron poderia alterar a sua escolha, mas está entre o ser obrigado a ceder à pressão de um presidente da comissão que aceitou muito contrariado, ou arriscar uma pasta irrelevante. 

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