TAP reduz prejuízos para 83,4 milhões de euros

Dívida da empresa está abaixo dos 1000 milhões, o que já não acontecia desde 2006.

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Fernando Pinto está à frente da TAP desde o ano 2000 Miguel Manso

Os prejuízos da TAP caíram para 83,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2014, o que significa uma melhoria de 39% face às perdas de 136,6 milhões registadas no mesmo período do ano passado.

A melhoria nas contas do grupo, reflectida no relatório semestral da Parpública (a holding que agrega as participações do Estado em empresas), é justificada com “um bom desempenho ao nível das vendas” e com a “contenção de custos operacionais”.

De acordo com a Parpública, cujos prejuízos se fixaram em 23,8 milhões de euros entre Janeiro e Junho, o grupo TAP é responsável por 71% do volume de negócios gerado no primeiro semestre (1200 milhões de euros). A subida do tráfego atingiu 6,8%, tendo sido mais intenso “nas rotas do Atlântico Norte e Venezuela, com crescimentos de dois dígitos”, refere o documento.

Foi ainda no final do primeiro semestre que a companhia começou a sentir perturbações na operação, fruto do atraso na chegada de seis novos aviões que tinha encomendado para dar resposta a um reforço no número de rotas. O pico dos constrangimentos só viria a sentir-se, porém, em Julho. E, mais tarde, em Agosto com a greve dos pilotos.

No relatório, a holding destaca que “a dívida do grupo TAP situou-se abaixo de 1000 milhões de euros, pela primeira vez desde 2006”. A redução foi de aproximadamente 80 milhões de euros para um total de 972 milhões.

Apesar de não apresentar individualmente as contas de cada unidade de negócio da TAP, a Parpública destaca a situação da subsidiária no Brasil, dedicada à manutenção de aviões e que tem sido deficitária desde que foi adquirida em 2005.

“A actividade de manutenção no Brasil aumentou o volume de trabalhos prestados, contribuindo positivamente para o aumento de rendimentos do grupo TAP”, refere o relatório, embora sem concretizar quais foram os resultados da empresa neste período.

São, no entanto, listados os processos de natureza tributária, civil e laboral que envolvem esta subsidiária e cujo desfecho negativo para a TAP foi considerado possível com base na “avaliação dos seus consultores jurídicos”.

No global, o grupo foi obrigado a fazer uma provisão de 158,7 milhões de euros para o caso de perder estas acções que correm no Brasil. Num destes itens, a Parpública destaca o facto de esta empresa de manutenção possuir “bens activos penhorados no valor de 16,4 milhões de euros” que dizem respeito a “garantias requeridas em processos fiscais e laborais”. De entre os bens encontram-se “veículos, computadores, componentes, itens dos hangares do Rio de Janeiro e Porto Alegre, entre outros”, refere o relatório.

Estes dados surgem num momento em que o Governo ainda está a decidir se avança com uma nova tentativa para privatizar a TAP, depois de a primeira ter fracassado no final de 2012 com a rejeição da proposta de Gérman Efromovich.

Desde o final do ano passado que um consórcio montado pelo empresário português Miguel Pais do Amaral e pelo milionário norte-americano Frank Lorenzo (antigo dono e presidente da Continental Airlines) estão em conversações para comprar o grupo.

Pais do Amaral disse recentemente, numa entrevista ao Dinheiro Vivo, que a oferta será apresentada em breve para adquirir 100% da TAP. No entanto, frisou que o calendário está dependente do Governo. E este último tem noção dos riscos políticos que esta privatização acarreta, pelo que poderá simplesmente decidir não avançar com a segunda ronda pelo facto de haver eleições legislativas no Outono de 2015.

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