Trabalhadores do Novo Banco preocupados com o emprego e futuro do fundo de pensões

Comissão de trabalhadores foi recebida pela CGTP.

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Novo Banco, liderado por Vítor Bento, veio suceder ao BES Foto: Nuno Ferreira Santos

A comissão de trabalhadores (CT) do Novo Banco manifestou nesta quarta-feira a sua preocupação quanto ao futuro dos seis mil postos de trabalho e do fundo de pensões dos funcionários.

No final de uma audiência, em Lisboa, com o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, a pedido da comissão de trabalhadores do Novo Banco, o coordenador da CT, João Matos, afirmou estar "muito preocupado" com o futuro dos trabalhadores do banco, da instituição financeira e do fundo de pensões.

Arménio Carlos, por seu lado, disse aos jornalistas que a CGTP "está solidária" com as preocupações dos trabalhadores do Novo Banco e lembrou que "a culpa [da actual situação] não é dos trabalhadores, mas dos responsáveis que continuam impunemente a circular neste país, sem que até agora sejam conhecidas nenhumas medidas de fundo".

João de Matos explicou que a reunião se enquadrou num conjunto de encontros com instituições que a CT vai fazer, adiantando que nesta quarta-feira, pelas 15h, iriam ser recebidos pela direcção da UGT com o objectivo de sensibilizar esta central sindical para as principais preocupações dos trabalhadores quanto ao seu futuro.

"Estamos preocupados com a possível venda do Novo Banco, pois queremos que sejam garantidos todos os postos de trabalho e também a passagem do fundo de pensões, no futuro, para quem adquirir o banco", salientou.

A receptividade por parte da CGTP e do seu secretário-geral foi "muito boa", destacou João de Matos, acrescentando que a CT foi ali "pedir auxílio", porque considera que a central sindical, bem como outras estruturas, algumas com as quais se reunirá esta quarta-feira, caso da UGT, "podem ajudar [a CT do Novo Banco] a transmitir a [sua] mensagem para quem vai negociar a venda do Novo Banco".

"É importante para nós que as nossas preocupações constassem do caderno de encargos [com vista à venda do banco]", realçou o dirigente sindical.

"Estamos, por agora, a aguardar que nos seja comunicado o plano de restruturação do Novo Banco, pois o presidente executivo, Vítor Bento, disse-nos que isso poderia acontecer no princípio de Setembro", frisou.

Questionado pela agência Lusa sobre a notícia avançada hoje pelo Diário Económico de que a consultora KPMG, empresa que tem por tarefa certificar o relatório do primeiro semestre do Banco Espírito Santo, em que o banco apresentou um prejuízo de 3,6 mil milhões de euros, "não assinou ainda as contas apresentadas por Vítor Bento e não se sabe quando o fará, nem se o fará e porquê", João Matos respondeu: "A situação não nos tranquiliza."

"Faz parte do processo normal, mas leva-nos a desconfiar de alguma coisa. Houve um relatório que foi feito e se a entidade auditora [KPMG] não o quer aprovar é, porque, eventualmente haverá problemas", disse.

Sobre um possível encerramento de alguns dos 600 balcões que o Novo Banco tem e em que "muitos funcionam" em ligação com a seguradora Tranquilidade o dirigente sindical alertou para o facto de "se o Novo Banco não conseguir negociar com a Tranquilidade haverá o encerramento desses balcões".

"Como consequência haverá problemas para as pessoas que lá estão", frisou.

Arménio Carlos disse que a CGTP vai "realizar, em breve, uma reunião com as suas federações e os seus sindicatos para defender a manutenção dos postos de trabalho".

"Parece-nos também que esta pressa do Governo, do Banco de Portugal e da administração do Novo Banco em vender o banco pode tornar-se um bom negócio para os compradores, mas num péssimo negócio para os trabalhadores e para os contribuintes", frisou o dirigente sindical.

"Todos nós já percebemos que na fase do processo em que nos encontramos esta pressa de vender está, naturalmente, a aliciar os compradores para fazerem baixar o preço", criticou.

"É caso para perguntar quem vai pagar a diferença entre o valor do banco a vender, se for inferior ao que o erário público já pagou, na ordem dos 4 mil milhões de euros", questionou o líder da CGTP. Lembra que se deve ter "cuidado com as vendas às pressas", pois podem "estar na origem de uma nova factura para os contribuintes portugueses".

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