Défice comercial português aumentou para 953 milhões de euros no primeiro semestre

As exportações aumentaram 1,8%, muito abaixo dos 4,3% apurados para as importações.

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Compras de material de transporte e acessórios ao estrangeiro aumentaram 24,2% nos primeiros seis meses do ano Daniel Rocha

O défice da balança comercial portuguesa (exportações menos importações) aumentou no primeiro semestre para 953 milhões de euros, o que representa um agravamento de 759% face aos 111 milhões de euros registados nos primeiros seis meses de 2013.

O forte decréscimo nas vendas de combustíveis para o estrangeiro (-30,4%) acabou por influenciar o resultado final, apesar de o sector do turismo ter aumentado as suas receitas em 10,4% no período.

Na primeira metade do ano, o volume de exportações nacionais, segundo o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, aumentou cerca de 1,8% para 33.047 milhões de euros (bens e serviços somados). Já as compras ao estrangeiro cresceram 4,3% para 34.491 milhões de euros. Em valor, as vendas para o exterior aumentaram cerca de 602 milhões de euros, enquanto as importações cresciam 144 milhões de euros.

Esta evolução foi muito influenciada pelo comportamento do sector de bens transaccionáveis, que viu as exportações crescerem 0,5% no primeiro semestre do ano, para 23.923 milhões de euros, enquanto as importações aumentavam 2,9 pontos percentuais acima para 28.777 milhões de euros. Na área dos serviços, o crescimento das exportações foi mais robusto, de 5,3%, mas mesmo assim fica muito longe dos 9,6% apurados para o aumento das compras ao exterior.

A venda de combustíveis para o estrangeiro assume um dos papéis principais na evolução do quadro das trocas comerciais portuguesas. O resultado apurado em exportações deste tipo de produtos energéticos caiu 30,4% para 1687 milhões de euros, cerca de 800 milhões de euros abaixo do que fora apurado para o mesmo período do ano passado. O facto de os produtos alimentares terem vendido mais 4,2% do que no período homólogo, de o turismo ter tido um aumento de receitas de 10,4% e de os bens de consumo não identificados terem também crescido na ordem dos dois dígitos não serviu para evitar o comportamento negativo da balança comercial.

Acresce a pressão importadora que foi, nos primeiros seis meses deste ano, muito mais insistente do que tinha acontecido no primeiro semestre de 2013. Só as compras de material de transporte e acessórios a fornecedores estrangeiros aumentaram cerca de 700 milhões de euros (+24,2%) e os fornecimentos industriais representaram um cheque acrescido de 200 milhões de euros. No balanço dos serviços, o destaque vai para os serviços fornecidos pelas empresas estrangeiras, que aumentaram 21,5% para 2172 milhões de euros.

O Boletim Estatístico apresenta, igualmente, um olhar sobre o destino das exportações portuguesas e as principais origens das compras ao estrangeiro e a primeira conclusão que se pode apurar é que a União Europeia reforça o seu papel de principal parceiro de Portugal.

As exportações portuguesas para países membros da EU aumentaram 2,3% nos primeiros seis meses do ano face ao mesmo período de 2013 para um valor global de 17.525 milhões de euros. Já as compras aos parceiros europeus cresceram 8,9% para 21.608 milhões de euros. O défice cresceu, assim, para 4356 milhões de euros.

A Espanha continua a ser o principal destino das exportações portuguesas de bens e serviços (representa cerca de um terço do total), mas foi a França que mais aumentou as compras (quase 5%) para 2931 milhões de euros. Apenas a Itália apresenta um recuo (7,3%) nas compras a Portugal.

Do lado das importações, os produtos e serviços espanhóis têm um peso de mais de 40% nas compras portuguesas. No primeiro semestre, as compras a Espanha aumentaram 6% para 9227 milhões de euros, mas foi a Alemanha que assumiu o mais elevado crescimento percentual, cerca de 16% nas vendas a Portugal, para 3719 milhões de euros.

No que respeita à balança comercial com países externos à União Europeia, o comportamento foi negativo tanto do lado das exportações como das importações. As vendas para o exterior recuaram 3,8% para 6671 milhões de euros e as compras encolheram 10,4% para 7169 milhões de euros.

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