Rússia começa a fechar McDonald’s após inspecções sanitárias

Inspecções surgem quando o país e o Ocidente estão envolvidos numa guerra de sanções e medidas retaliatórias.

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AFP

A Rússia está a inspeccionar restaurantes da cadeia norte-americana McDonald’s, com visitas das autoridades de Saúde em várias regiões, depois do encerramento temporário de quatro estabelecimentos em Moscovo, alegando problemas "sanitários".

A agência de segurança alimentar negou que as acções tivessem motivação política, mas a operação de avaliação das condições dos restaurantes acontece depois de os EUA e a União Europeia terem reforçado as sanções económicas contra a Rússia por causa da actuação de Moscovo na Ucrânia, e de a Rússia ter decretado o seu próprio embargo contra produtos alimentares ocidentais.

“Há queixas sobre a qualidade e segurança dos produtos na cadeia de fast food McDonald’s”, disse a agência, recusando-se a dar mais pormenores sobre a operação de inspecção. 

Um dos restaurantes encerrados, o McDonald’s da Praça Pushkin, é o mais movimentado dos McDonald’s de todo o mundo, diz a empresa.

O primeiro McDonald’s abriu na Rússia em 1990, e, enquanto russos mais velhos ainda vêem nele um símbolo do capitalismo norte-americano, a maioria considera que faz parte da paisagem. Actualmente existem 438 McDonald’s na Rússia que empregam cerca de 35 mil pessoas – a empresa considera, no seu relatório de 2013, que este é um dos seus sete mercados mais importantes fora dos EUA e Canadá.

As autoridades foram vagas, dizendo apenas que encerraram este e os outros três restaurantes em Moscovo por “várias” falhas das leis sanitárias. A agência tem uma história de decisões políticas, lembra o diário britânico The Guardian: já proibiu importações de vinho da Geórgia e produtos lácteos da Bielorrússia, depois de estes países começarem a melhorar as suas relações com o Ocidente, e este Verão proibiu também a entrada de alguns produtos da Ucrânia.

Até alguns concorrentes russos da McDonald's saíram em defesa da grande empresa de americana. "Este é um grande golpe nas relações entre os dois países", afirmou Mikhail Goncharov, proprietário da cadeia de fast food russa Teremok, citado pelo jornal RBC Daily. "Até nos tempos da União Soviética se mantinham boas relações [com a McDonald's], porque o primeiro restaurante deles abriu durante o tempo da URSS, e as fábricas da Pepsi continuaram a funcionar mesmo durante as crises políticas", declarou, citado pela Reuters.

Até agora, nenhuma outra empresa ocidental foi alvo de uma ofensiva como esta, mas há muitas que são tidas como vulneráveis. O banco francês Societé Generale publicou nesta quinta-feira um relatório em que alerta que as empresas que geram mais lucros na Rússia são as mais vulneráveis, e identificou algumas: a petrolífera BP, a British American Tobacco, BASF, Carlsberg, Coca-Cola, Alstom e a E.ON.

Por outro lado, o correspondente do jornal alemão Frankfurter Allgemeiner em Moscovo dizia que a Rússia começou a permitir de novo a importação de alguns produtos alimentares europeus que tinha proibido, como alguns tipos de salmão e truta e leite sem lactose, para os quais não consegue encontrar substitutos. O Presidente russo, Vladimir Putin, tinha anunciado um embargo durante um ano.

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