A barbárie não pode tornar-se banal

O grupo terrorista ISIS — que hoje se auto-proclama “Estado Islâmico” — tem de ser desmantelado.

Muito antes de ser notícia diária, o ISIS chegou discretamente a Raqqa, uma cidade no norte da Síria com 250 mil habitantes, e começou a construir um “Estado Islâmico”. Eram 10 ou 15 homens, terroristas fanáticos, mas cresceram rapidamente. Instauraram a sharia, proibiram as pessoas de fumar e de ouvir música, e começaram a espalhar o terror na região.

Isto foi há um ano. Hoje o grupo terrorista que entretanto mudou de nome — deixou de ser ISIS e passou a chamar-se Estado Islâmico — terá 10 mil militantes, centenas dos quais serão estrangeiros e muitos destes europeus. Há notícias de franceses, espanhóis e britânicos que deixaram o Ocidente nos últimos meses para se juntarem aos jihadistas. Há dias, um rapaz de sete ou oito anos cujo pai, australiano, se juntou ao EI recentemente, exibia uma cabeça de um homem decapitado para uma câmara. Em off, ouve-se o pai dizer com orgulho: “É o meu rapaz!”

Controlada Raqqa, o grupo avançou para o Iraque e conquistou Falluja, que domina há seis meses. Criou tribunais, gabinetes administrativos e até sinalética urbana. Começou por ser bem recebido por alguns sectores, mas a barbárie que espalhou na região aumenta a cada dia que passa.

Um milhão de iraquianos foram obrigados a fugir das suas casas, milhares terão sido mortos. O EI é o retrato do terror puro. Pessoas enterradas vivas, crianças cortadas ao meio, cabeças espetadas em postes de madeira à entrada das cidades, violações de  mulheres e de crianças. Ontem, o mundo viu o vídeo da primeira vítima americana dos terroristas do Estado Islâmico: um jovem jornalista americano foi decapitado. Já tínhamos visto imagens iguais, mas não conhecíamos o nome das vítimas. Nada era familiar.

O assassinato brutal de James Foley é um ponto de viragem, mas não deve travar o esforço de desmantelar este grupo.

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