Três portugueses já estiveram em isolamento por suspeita de infecção por ébola

Casos suspeitos deram todos negativos e risco em Portugal é remoto, assegura a subdirectora-geral da Saúde. Na África Ocidental, morreram 1350 pessoas, segundo a mais recente actualização da Organização Mundial de Saúde.

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O vírus do ébola CDC

Três portugueses que regressaram de países de risco e apresentavam sintomas que podiam indiciar infecção pelo vírus ébola já estiveram em quartos de isolamento em hospitais, para aguardar o resultado das análises de despiste que acabaram por se revelar todas negativas, adianta a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, que assegura que a hipótese de haver um surto em Portugal “é remota”.

“O que nos garante alguma tranquilidade é o facto de se saber que o sistema [de alerta e vigilância montado em Portugal] está a funcionar”, afirma Graça Freitas, sublinhando que, dos três casos em que este foi já activado, apenas um era verdadeiramente suspeito. “Muitas vezes no início de um alerta os primeiros casos que nos são reportados são submetidos para análise, até para testar o sistema todo”, justifica a médica. Na maior parte dos casos, as pessoas estavam doentes com malária, que tem sintomas semelhantes aos de ébola, como febre, mal-estar generalizado, dores no corpo. Nos últimos dias não têm surgido mais situações suspeitas, disse.

A situação está, pois, calma em Portugal, mas a Direcção-Geral da Saúde (DGS) voltou esta quarta-feira a aconselhar os cidadãos portugueses a viajar para a Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa “apenas em caso de absoluta necessidade”, no mais recente ponto da situação da epidemia. A Nigéria fica fora desta lista porque a actividade epidémica naquele país se explica “a partir da importação de um caso, que viajou por via aérea, dando origem a cadeias de transmissão que tudo indica estarão controladas até ao momento”, explica o director-geral da Saúde, que assina a nota da DGS.

Na terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS)  considerava já que havia sinais positivos na Nigéria, primeiro país onde se verificou uma estabilização da evolução da doença, com 12 casos confirmados desde que o ébola foi detectado em Lagos, em 20 de Julho. O balanço global continua a ser, porém, negativo.  

Nesta quarta-feira, a OMS actualizou o número de mortes em África para 1350, com 106 novos casos fatais em apenas dois dias (17 e 18 deste mês).

Voltando a Portugal, a DGS recorda que, além dos sítios da internet disponíveis para esclarecimentos - o seu (www.dgs.pt) e o da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas -, os cidadãos podem recorrer à linha Saúde 24 (808 24 24 24) e à linha telefónica do Gabinete de Emergência Consular (961706472 ou 217929714), que “funciona em permanência para situações de urgência ocorridas no estrangeiro”.

A DGS criou entretanto uma equipa de monitorização da situação constituída por uma dezena de peritos, da própria instituição, do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (onde são feitas as análises de despiste do vírus do ébola), e dos hospitais de referência, como o Curry Cabral, em Lisboa, e o S. João, no Porto.

O director-geral da Saúde, Francisco George, adiantou  à Lusa que a DGS  vai promover sessões de esclarecimento aos funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) sobre o vírus do ébola, para os habilitar “a discutir e aconselhar" os viajantes sobre a matéria. As sessões começam, sexta-feira à tarde, no aeroporto de Faro e, posteriormente, serão alargadas aos aeroportos de Lisboa e do Porto. Com estas sessões, pretende-se "afinar todos os procedimentos, que depois serão debatidos em sessões de perguntas e respostas", adiantou Francisco George.  Na sexta-feira passada, os trabalhadores dos aeroportos portugueses denunciaram falta de informação e formação sobre o ébola.

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