Militantes, pacifistas ou vândalos, todos protestam em Ferguson

Residentes e turistas expressam as suas queixas e exigem justiça.

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Jovens de cara tapada são conhecidos como os "militantes" nos protestos de Ferguson REUTERS/Lucas Jackson

Grupos e facções conhecidas como “os militantes”, “os pacifistas” ou “os vândalos” organizaram-se nestes dez dias de vigílias, manifestações e confrontos provocados pela morte de Michael Brown, um jovem negro atingido a tiro por um polícia branco da cidade de Ferguson, no Missouri.

Uma das esquinas da West Florissant Avenue, que é o palco principal dos protestos, está ocupada por rapazes negros de cara tapada que atiram cocktails molotov à polícia, por detrás de uma barricada construída com tijolos e placas de madeira contraplacada: esses são os “militantes”, que prometem lutar por justiça “por todos os meios”, segundo descreve o jornal The Washington Post.

Muitos deles são locais, mas outros vieram de Chicago, Detroit ou Nova Iorque, para engrossar as fileiras de um movimento por justiça que não teme o recurso à violência. “Este é o nosso trabalho agora. Enquanto não houver justiça não vai haver paz. Estamos a sofrer há muitos anos”, resume um dos militantes, que tem 27 anos, veio de outro estado e pede para não ser identificado.

Mas junto dele, trabalham também os “vândalos”: oportunistas que aproveitam os confrontos para saquear lojas de bebidas, cabeleireiros ou outros comércios cujos inventários podem facilmente ser revendidos. A polícia já apanhou mais de 50, incluindo “turistas do saque”. “Há gente que se mete no carro e faz milhares de quilómetros para vir aqui roubar”, explica um agente.

Em frente da bomba de gasolina QuikTrip, que foi incendiada na primeira noite de protestos, e também junto da esquadra da polícia de Ferguson concentram-se os “pacifistas”, que se exprimem de forma não violenta, cantando músicas ou repetindo palavras de ordem. Querem fazer-se notar pela positiva. “Não queremos mais mortes, mas não precisamos de gritar, agredir ou saquear para fazer passar a nossa mensagem. Quando as câmaras se desligarem, vamos continuar a viver aqui”, observou Ronnie Natch, que organiza os pacifistas e traz o filho de dez meses para as manifestações.

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