Rockets contra Israel e ataques na Faixa de Gaza põem fim ao cessar-fogo

Governo israelita acusa Hamas de ter violado a trégua e ordenou o regresso da equipa que estava a negociar com os palestinianos no Cairo.

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A aviação de Israel diz que respondeu à quebra do cessar-fogo pelo Hamas Suhaib Salem/Reuters

Mais uma vez ninguém assume a responsabilidade, e mais uma vez um cessar-fogo entre israelitas e palestinianos chega ao fim antes do tempo. O Governo de Israel acusa o Hamas de ter lançado três rockets contra o seu território, mas o movimento radical palestiniano nega e diz que é o outro lado que está a fazer tudo para influenciar as negociações que estão a decorrer no Cairo.

O cessar-fogo de cinco dias, que terminava na noite de segunda-feira, foi renovado por mais 24 horas para que as duas partes pudessem continuar a negociar uma saída para o conflito. Mas essa trégua temporária acabou por durar poucas horas, à semelhança do que já aconteceu em várias ocasiões desde o início da ofensiva israelita, no dia 8 de Julho.

O Governo de Israel culpou mais uma vez o Hamas pela violação do cessar-fogo, acusando o movimento de ter lançado três rockets em direcção ao território israelita, nas proximidades de Beersheba, que não fizeram vítimas.

Em resposta, as forças de Israel lançaram ataques em Gaza, contra “alvos terroristas”, em que pelo menos três crianças ficaram feridas sem gravidade, segundo o jornal israelita Jerusalem Post.

Do lado palestiniano, a versão é que os ataques israelitas destruíram um campo agrícola em Beit Lahia e atingiram a zona Este de Rafah e a cidade de Deir al-Balah.

Em resposta ao lançamento de rockets a partir de Gaza, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou o regresso da equipa que estava a negociar com os palestinianos no Cairo, numa ronda de negociações promovida pelo Egipto.

O ministro da Economia de Israel, Naftali Bennett, deu voz à postura do seu Governo, que nunca escondeu a vontade de eliminar o Hamas: “Quando se negoceia com terroristas, o resultado é mais terrorismo. Mais cedo ou mais tarde, Israel terá que derrotar o Hamas. Não há volta a dar.”

Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, disse que não tinha conhecimento de qualquer lançamento de rockets para território israelita – é possível que os rockets tenham sido lançados por um grupo que actue à margem do Hamas, ou mesmo sob as suas ordens, como avança o The New York Times.

Outro representante do Hamas, Husam Badran, disse que Israel está apostado em “sabotar” as negociações no Cairo, e deixou um aviso: “Se não chegarmos a um entendimento que sirva os interesses dos palestinianos, todas as opções estão em aberto.”

As conversações têm esbarrado em exigências inaceitáveis para ambos os lados. O Hamas exige o levantamento do bloqueio ao território que dura há oito anos e que impede a entrada de materiais essenciais à sua economia; Israel teme que se levantar o bloqueio, entre em Gaza material que sirva para armar os grupos palestinianos ou construir os túneis através dos quais os seus combatentes tentam entrar em Israel e raptar ou atacar soldados.

Israel exige a desmilitarização total do território, mas o Hamas recusa perder a sua característica essencial, que é lutar contra uma força ocupante e um Estado que não reconhece.

Qualquer abertura do território sem uma supervisão apertada está fora de questão, não só para Israel como para o Egipto, que vê o Hamas como um movimento ligado à Irmandade Muçulmana – que as autoridades militares do Cairo ilegalizaram e perseguem.

Desde o início da mais recente guerra entre Israel e o Hamas já morreram mais de 1900 palestinianos e 67 israelitas (64 soldados e três civis).

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