Madeira perdeu 2500 empresas e 18 mil empregos entre 2008 e 2012

Taxa de sobrevivência a dois anos das empresas registou uma tendência decrescente entre 2006 e 2012, assumindo a proporção de 45,72% no final do período.

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Alberto João Jardim Rui Gaudêncio

A Região Autónoma da Madeira perdeu quase 2500 empresas entre 2008 e 2012, sendo este último o ano de entrada em vigência do plano de resgate regional. Passou de um total de 23.015 para 20.526 entidades empregadoras, a que corresponde uma baixa de 10,8%.

No referido quadriénio, o número de trabalhadores ao serviço dessas empresas do sector privado desceu de 85.936 para 67.856 indivíduos, registando um decréscimo de 21%. Também a dimensão média de pessoas por empresa caiu de 3,71 para 3,31.

Do conjunto de empresas existentes em 2012 na Madeira, 98,4% pertenciam ao sector não financeiro, 59,9% eram empresas individuais (empresários em nome individual e trabalhadores independentes), 4,5% correspondiam pequenas e médias empresas (PME) e 95,4% a microempresas, revela a primeira publicação editada pela Direcção Regional de Estatística (DREM) na área das empresas.

Os dados estatísticos divulgados ontem pelo DREM, obtidos a partir do Sistema de Contas Integradas das Empresas, revelam que a taxa de sobrevivência a dois anos das empresas da Madeira manifestou uma tendência decrescente entre 2006 e 2012, assumindo a proporção de 45,72% no final do período, inferior em 1,48 pontos percentuais face a 2011.

Em 2012, o sector não financeiro apresentava a maior percentagem de empresas nascidas em 2010 e ainda activas em 2012 (45,84%), comparativamente ao sector financeiro (34,48%). No que concerne à capacidade de sobrevivência das empresas não financeiras, constata-se que as sociedades (69,90%) e as pequenas empresas (80,0%) foram os segmentos que melhor se defenderam dos constrangimentos económicos e financeiros herdados do ano 2009.

Em 2012, o volume de negócios gerado pela estrutura empresarial da Madeira ascendeu a 5.295,2 milhões de euros, sofrendo uma quebra de 10,9% face a 2011, com contributos, de igual grandeza, quer do sector financeiro, quer do não financeiro. Os decréscimos mais significativos ocorreram nas empresas de média dimensão (-26,1%) e nas empresas individuais (-17,3%).

O valor acrescentado bruto a preços de mercado (VABpm), em 2012, situou-se nos 1.564,7 milhões de euros, registando uma diminuição de 13,9% face a 2011. As maiores quebras foram verificadas no sector financeiro (-26,0%), nas empresas individuais (-14,9%) e nas pequenas empresas (-20,6%).

Em 2012, o sector empresarial da região, excluindo a administração pública, defesa e segurança social, empregava 67.856 pessoas, menos 9% pessoas que em 2011. Em termos médios, as empresas viram a sua dimensão reduzida em 6,6%, sendo o sector não financeiro o mais afectado por essa diminuição (-6,8%). Segundo dados do INE relativos àquele ano, a população activa da Madeira era constituída por 129,2 mil indivíduos e a taxa de desemprego era de 19,7%, afectando 23.741 pessoas, quase o triplo dos 9.932 desempregados registados no final de 2009.

Recorde de desempregados
Após 12 meses consecutivos de tendência crescente no número de madeirenses desempregados, registou-se um abrandamento em Junho de 2014. Nesse mês estavam inscritos no Instituto de Emprego da Madeira (IEM) 21.780 desempregados, menos 2,8% que em Maio e menos 6,7% relativamente ao mês homólogo de 2013, descida esta que ficou abaixo da média nacional de 10,9%. No passado mês de Maio existiam neste arquipélago cerca de 8000 beneficiários do subsídio de desemprego, pago pela Segurança Social nacional.

O recorde de madeirenses inscritos no IEM registou-se em Fevereiro do ano passado com 24.976, ultrapassando o máximo anterior atingido em Março de 2013 com 24.769 indivíduos sem trabalho. Em 44 anos e meio de estatísticas mensais registadas na Madeira, o período mais negro do desemprego ocorreu entre Outubro de 2012 e Maio de 2013, ano em que mais de 1000 madeirenses procuraram emprego no estrangeiro

Quando Alberto João Jardim assumiu a presidência do governo regional, em Março de 1978, havia 9465 madeirenses sem trabalho. Desde então este número veio a decrescer, devido sobretudo ao forte impulso de investimentos públicos, financiados pelo Orçamento de Estado e pela União Europeia, e só voltou a ser atingido no final de Dezembro de 2008, com 9302 inscritos no Centro Regional de Emprego. A partir de 2009, aumentou numa média de mais 4500 desempregados por ano. Atingiu um total de 9932 indivíduos no final de 2009, de 14432 em 2010, de 16.430 em 2011, de 20067 em 2012 e de 24472 desempregados em Dezembro de 2013.

No ano passado, a Madeira registou a maior taxa de desemprego jovem do país, 51,5%, bastante acima da média nacional que se cifrou, segundo o organismo de estatística europeu Eurostat em  37,7%. Para combater este problema, esta região vai receber 90 milhões de euros até 2020, no âmbito da iniciativa Garantia Jovem, financiada através do Fundo Social Europeu (FSE) e do Orçamento nacional. No mesmo período serão concedidos 250 milhões de euros aos Açores, quase o triplo do apoio financeiro concedido ao arquipélago madeirense, onde o programa poderá abranger mais de três mil jovens.  

 

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