O crescimento vai continuar daqui a um ano na Nova Zelândia

Portugal foi derrotado pela Alemanha por 1-0 na final do Europeu de sub-19, disputada em Budapeste, repetindo o desfecho do Euro 2003, quando perdeu na partida decisiva frente à Itália.

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O avançado André Silva tenta passar por um defesa alemão FERENC ISZA/AFP

Havia, à partida, um enorme défice de experiência competitiva entre os jovens alemães e os jovens portugueses. Muitos dos germânicos já tinham minutos de utilização na Bundesliga, que é um dos campeonatos mais competitivos do mundo, enquanto a grande maioria dos portugueses nunca competiu além da II Divisão de Portugal. E isso acabou por marcar a diferença, nesta quinta-feira, na final do Campeonato da Europa de sub-19, que a Alemanha venceu, batendo Portugal por 1-0. Os comandados de Hélio Sousa mostraram argumentos para disputar o título, mas a selecção germânica foi uma máquina bem afinada.

Hélio Sousa, na antecipação ao jogo, tinha referido que a selecção portuguesa teria de aprender depressa para contrariar os experientes alemães, mas o que se assistiu foi a uma submissão portuguesa ao adversário. Mais nervosismo e menos rigor defensivo podiam ter comprometido bem mais cedo as aspirações portuguesas. Stendera deu um primeiro aviso aos 9’, com André Moreira a segurar bem, e Selke rematou ao lado no minuto seguinte.

Só aos 20’ é que os portugueses conseguiram responder com algum perigo, com Rafa a atirar para defesa do guardião Schnizler. Logo a seguir, aos 30’, foi Moreira a brilhar na baliza portuguesa, desviando com dificuldade um remate de Brandt, que bateu em João Nunes e quase traía o guarda-redes.

O sentido único do jogo materializou-se aos 39’. Uma jogada pelo flanco direito de Stendera encontrou Mukthar na área. Tomás Podstawski não interceptou e o avançado do Hertha de Berlim fez aquele que seria o único golo do jogo. Era a expressão natural do domínio alemão para o qual os jovens pupilos de Hélio Sousa, simplesmente, não tinham resposta.

André Silva, o melhor marcador português no torneio (cinco golos), estava perdido na defesa adversária, enquanto os criativos Ronny Lopes e Gelson Martins raramente conseguiam fazer a diferença.

O jogo não mudou muito na segunda parte. Talvez mais algum atrevimento, mais alguma posse de bole a mais alguns flashes de irreverência técnica por parte dos portugueses. O golo esteve muito perto aos 68’. Gelson Martins levou a bola até à linha de fundo, mas nenhum dos três remates foi parar ao fundo da baliza alemã, com duas tentativas de Lopes e uma de Rafa. A Alemanha podia ter marcado mais, mas Moreira (um guarda-redes a seguir com atenção) esteve sempre no sítio certo e quando a bola passou por ele, já perto do fim, Domingos Duarte evitou o segundo, em cima da linha de golo.

Ao desespero português, a Alemanha respondeu sempre como um bloco fiável e o triunfo acabou por ser uma expressão natural do que aconteceu em campo. Já se sabe que os germânicos têm feito uma aposta sustentada na formação que já está a dar resultados nos séniores (veja-se o Mundial 2014), mas Portugal tem aqui uma geração para recuperar a chama que em tempos teve no futebol jovem. Para já, não repetiu os títulos continentais de sub-18 de 1994 e 1999, mas já igualou o resultado dos sub-19 em 2003, uma selecção que perdeu a final para a Itália. Mas jogadores como Ronny Lopes, Podstawski, Gelson, Rafa, André Silva ou Ivo Rodrigues terão oportunidade para se exibir no próximo ano no Mundial de sub-20 que se realiza na Nova Zelândia, um apuramento conquistado neste Europeu. O problema é que não dependem só deles para dar o salto competitivo. Os clubes têm a palavra.

Hélio: “Temos futuro”

Após o jogo, o técnico Hélio Sousa mostrou-se satisfeito com o comportamento da sua equipa, lamentando a falta de eficácia, mas salientando que podem estar nesta equipa soluções para a renovação da principal selecção portuguesa: “Tivemos as nossas oportunidades, deviamos ter sido mais eficazes. Os jogadores foram inexcedíveis e estou muito orgulhoso. Temos futuro e o nosso crescimento foi enorme. A nossa formação tem mostrado que há jogadores capazes para o passo seguinte e têm de ser inseridos num contexto que potencialize as suas capacidades. Eles querem aprender.”

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