Governo indemniza com 121 mil euros pais de militar da GNR morto no Pinhal Novo

Bruno Chainho tinha 27 anos e estava há dois na GNR. Verba ajudará os pais desempregados a sobreviver. Militar salvou uma mulher e uma criança antes de ser baleado num sequestro que durou sete horas.

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Sérgio Azenha/Arquivo

A morte do militar baleado num sequestro no Pinhal Novo, em Novembro, vai ser compensada com pouco mais de 121 mil euros que o Estado decidiu entregar aos seus pais. A decisão, tomada num despacho conjunto do Ministério da Administração Interna e o Ministério das Finanças, respeita o desejo de Bruno Chainho, promovido a título póstumo a cabo. Chainho, que tinha 27 anos e estava na GNR há dois, tinha indicado os pais como beneficiários de uma indemnização se morresse em serviço.

“Não sabia que nos iam dar dinheiro. Preferia não o receber. Preferia pagar ao Estado para que o Bruno estivesse vivo. Não há dinheiro suficiente. O meu filho, que sempre sonhou ir para a GNR, morreu. O maior prazer do meu filho era ver a lei a ser cumprida e mesmo quando morreu fez cumprir a lei”, disse ao PÚBLICO o pai do militar, Sérgio Chainho.

O indeminização, despachada nove meses depois da morte, servirá para ajudar os pais que viviam com ajuda do guarda. Todos os meses, Bruno Chainho, explicou Sérgio, enviava 200 euros aos pais que estão desempregados há vários anos sem “direito a rendimento mínimo”. Bruno, que auferia cerca de 800 euros mensais, era o sustento. Ele pedreiro de 54 anos, ela empregada de limpeza de 52, vivem com as dificuldades que os obrigaram até a pedir dinheiro emprestado para pagar a campa do filho. “Pedi sete mil euros para funeral e a campa. Está uma coisa bonita. O Bruno iria gostar”, emociona-se Sérgio Chainho.

A verba foi atribuída num tempo recorde. Fontes da GNR garantiram que estes processos de indemnização duram em média mais de um ano. O montante, decidido num despacho publicado segunda-feira em Diário de República, foi calculado após um inquérito na GNR que classificou a morte como acidente em serviço. É o máximo que a lei prevê para indemnizar os familiares de polícias mortos em serviço. Corresponde a 250 salários mínimos nacionais.

O valor da indemnização é igual ao que foi atribuído à viúva do agente da Polícia Marítima que morreu no mar, em Abril de 2013, quando tentava salvar cinco membros da tripulação de um iate alemão, na Figueira da Foz.

Os pais vão agora requerer uma compensação no âmbito do Fundo de Indemnização às Vítimas de Crimes Violentos. O fundo é gerido por uma comissão estatal e os requerimentos são enviados, em regra, enviados no âmbito de processos judiciais.

O moldavo que esteve barricado mais de sete horas no restaurante "O Refúgio” acabou morto na operação táctico-policial que pôs fim ao sequestro. Chainho foi atingido após salvar uma mulher e uma criança que resgatou para o exterior. Depois, na linha de fogo do sequestrador, que terá sido veterano de guerra no Afeganistão, não teve qualquer hipótese. Foi atingido com um tiro na cabeça.

“Parece-me da mais elementar justiça. É uma alegria saber que esta família será ajudada desta forma. São pessoas que passam muitas dificuldades”, disse o presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda, José Alho.

Os restantes quatro colegas da Chainho, também feridos, estão a receber tratamento médico. Os que estão a pagar do próprio bolso os medicamentos e a fisioterapia serão em breve ressarcidos, garantiu fonte oficial da GNR. Também eles, como Chainho, receberam um louvor. Não deverão, porém, ser promovidos pela intervenção como prevê o estatuto do militar da Guarda.

Um guarda está ainda em baixa médica. Os militares foram atingidos por estilhaços de uma granada de fragmentação espoletada pelo sequestrador. Além dos tratamentos de enfermagem estão ainda a ser acompanhados em consultas de psicologia e psiquiatria. Um deles padece de stress pós-traumático.

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