FMI diz que risco de deflação na zona euro é “apreciável”

Fundo está preocupado com potencial impacto na sustentabilidade da dívida dos países periféricos.

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Christine Lagarde, directora executiva do FMI Foto: Brendan Smialowski/AFP

O Fundo Monetário Internacional continua a ver no prolongado período de inflação baixa que se está a registar na zona euro um risco considerável de caída em deflação e avisa que pequenas variações em indicadores como o investimento ou as taxas de juro da dívida podem ter consequências severas no crescimento económico, especialmente nos países da periferia.

De acordo com o relatório “Spillover 2014”, que analisa os potenciais efeitos de contágio na economia mundial, a inflação baixa em blocos económicos como o Japão e a zona euro constituem uma potencial fonte de problemas, não só dentro dessas regiões, como também para o resto do Mundo. Mas enquanto relativamente ao Japão o Fundo diz que os riscos de deflação "são bastante baixos em 2014 e 2015”, em relação à zona euro a expectativa é de que “é altamente provável que a inflação permaneça abaixo das metas em 2014 e 2015, com os riscos de deflação a serem apreciáveis, em parte reflectindo a continuação da fragmentação financeira, os diferenciais estruturais e a necessidade de reparar os balanços”.

No relatório publicado esta terça-feira, o FMI avisa ainda que “choques relativamente pequenos na zona euro podem ter consequências negativas grandes”. Chega a esta conclusão traçando dois cenários. No primeiro, assistir-se-ia a uma pequena redução do investimento, no segundo a uma subida das taxas de juro da dívida. A consequência seria de redução das expectativas de inflação, diminuição da variação do PIB e maior dificuldade ainda em garantir a sustentabilidade da dívida pública.

A concretização do risco de transformação de uma inflação baixa em deflação (queda prolongada do preços) tornaria a situação bem pior. “Se as expectativas de inflação caírem de forma persistente, as implicações negativas para a zona euro e para os seus parceiros comerciais mais próximos pode ser muito maior e prolongada”, diz o FMI.

No relatório sobre as hipóteses de contágio na economia mundial, o principal destaque é dado às consequências que o início de um processo de subida das taxas de juro dos principais bancos centrais mundiais pode vir a ter no resto do Globo. O Fundo considera que “os sinais de uma retoma auto-sustentada em algumas economias avançadas indicam que a retirada das condições monetárias excepcionais vai continuar e conduzir a um aperto das condições financeiras em vários países, com possíveis contágios”, afirma o documento. Outro risco importante que é detectado é o de um abrandamento das economias emergentes por força de desequilíbrios internos acumulados.

O fundo diz que estes dois riscos podem interagir um com o outro. “Os mercados podem reavaliar as perspectivas de crescimento para os países emergentes ao mesmo tempo que se sentem fenómenos renovados de turbulência financeira e fugas de capital”, diz o relatório que estima no pior dos cenários uma perda para o PIB mundial de 2%.

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