Mais de cem corpos recuperados em Gaza, número de vítimas ultrapassa os mil

Ministros reunidos em Paris apelam à extensão do cessar-fogo por mais 12 horas. Israel concorda com extensão de quatro horas.

Crianças palestinianas observam edifício destruído pelo exército israelita
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Crianças palestinianas observam edifício destruído pelo exército israelita AFP
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Palestinianos observam trabalho de resgate de corpos AFP
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Pai palestiniano chora morte do filho AFP
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Pais reencontram filho que está a servir no exército israelita REUTERS
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Palestiniano junto à sua casa destruída REUTERS
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Horas antes do cessar-fogo, Israel mantinha ataque REUTERS
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Soldados israelitas descansam durante o cessar-fogo REUTERS
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Um soldado israelita aproveita o cessar-fogo para estar com a namorada REUTERS
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De manhã, antes do cessar-fogo, Israel atacou uma vila onde matou 18 pessoas da mesma família AFP

Um cessar-fogo humanitário de 12 horas entre Israel e o Hamas entrou em vigor na manhã deste sábado em Gaza, permitindo a recuperação de mais de cem corpos que estavam em zonas inacessíveis. Com esta descoberta, o número total de vítimas da operação militar no território já é de mais de mil.

Este intervalo começou às 8h locais, 6h em Portugal continental, e foi aceite a meio da noite pelo movimento islâmico palestiniano Hamas, confirmou o exército israelita que deixou o aviso: responderá a qualquer ataque.

Nas primeiras horas após a entrada em vigor do cessar-fogo, pelo menos 100 corpos de palestinianos foram retirados debaixo de escombros, revelaram os serviços de emergência locais.

O jornalista da BBC Ian Pannell visitou o bairro de Shajaya, em Gaza, um dos mais afectados por fortes bombardeamentos israelitas.

“É simplesmente espantoso – a destruição mais devastadora: edifícios completamente pulverizados, carros atirados a 50 metros no ar em cima de edifícios, fachadas de edifícios de apartamentos completamente desaparecidas”, enumera, no meio de escombros de pó cinzento e ruínas da mesma cor. O que não se vê: “O ar está bastante pesado com o cheiro da morte”, pessoas tentam recuperar corpos e bens, “e, francamente, sair daqui”, conclui.

Este sábado é o 19.º dia do conflito que já matou 39 israelitas, incluindo dois civis e um trabalhador agrícola tailandês; e que do lado palestiniano fez já mais de mil mortos, a maioria civis. Esta manhã, ainda antes do cessar-fogo, 18 membros de uma família foram mortos na vila de Khuzaa, anunciou o porta-voz do ministro da Saúde palestiniano. Do lado israelita foram mortos dois soldados em combate.

A pontuar o cessar-fogo, ouvem-se ainda tiros, diz o correspondente da BBC. Israel disse que responderia a qualquer ataque ou provocação, e que continuaria a localizar e destruir túneis, mas os bombardeamentos pesados pararam e noutros sítios de Gaza houve um regresso a uma quase normalidade com bancos a abrirem, por exemplo. Israel concordou entretanto com a extensão da trégua durante mais quatro horas, ou seja, até à meia-noite (hora local, 22h em Lisboa).

Na sexta-feira, o Governo de Benjamin Netanyahu rejeitou uma proposta de trégua dos Estados Unidos, cujos termos exactos não foram divulgados, mas que incluiria uma pausa nos combates durante uma a duas semanas em que se discutiria um acordo. Para Israel, estas tréguas são favoráveis ao Hamas.

Manifestação proibida em Paris
Os esforços diplomáticos continuaram manhã deste sábado em Paris, onde decorreu um encontro internacional sobre a situação em Gaza, com a presença dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos principais países envolvidos. Além do secretário de Estado norte-americano John Kerry, participarão os seus homólogos francês, inglês, alemão, italiano, turco, do Qatar e da União Europeia.

Em declarações aos jornalistas, o ministro francês Laurent Fabius declarou que os presentes na reunião apelam a uma renovação do cessar-fogo em Gaza por mais 12 horas.

Entretanto, também na capital francesa, foi proibida uma manifestação pró-palestiniana, durante a tarde deste sábado. O protesto foi proibido na sexta-feira e este sábado ao fim da manhã a interdição foi confirmada pelo Conselho de Estado, a mais alta instância jurídica, a quem os organizadores tinham recorrido.

Os organizadores, incluindo o Novo Partido Anti-Capitalista (extrema-esquerda) são os mesmos que organizaram a manifestação ilegal do passado dia 19 e que juntou milhares de pessoas mas que, rapidamente, se transformou num momento de violência – 17 polícias ficaram feridos e 44 pessoas foram presas. Agora a organização, que previa novo protesto esta tarde, avisa que a proibição vai suscitar revolta e violência.

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