A Rapariga de 14 de Julho

Pode-se elogiar o voluntarismo e a energia desta "Rapariga de 14 de Julho", longa-metragem de estreia de Antonin Peretjatko feita por tuta e meia, tentativa de comédia screwball de desencontros entre um boy e uma girl parisienses sob fundo de crise económica. Deve-se, sobretudo, recomendar vivamente a presença très charmante de Vimala Pons, a rapariga do título. Mas tudo isso desaba face ao autismo afectado de um realizador que se limita a citar Godard (e outros, mas sobretudo o Godard da fase pré-política, de O Acossado a Fim-de-Semana) a torto e a direito sem perceber que citar permanentemente o que colocava Godard à frente em 1970 não o torna a ele, Peretjatko, interessante em 2013 (sobretudo porque não adianta nem atrasa nada para lá da citação). Colagem mal-amanhada de referências, A Rapariga de 14 de Julho é exemplar de um certo cinema francês que continua preso no labirinto da pescadinha de rabo na boca em que a Nouvelle Vague (que não tem culpa nenhuma no meio disto) o lançou.

Sugerir correcção
Comentar