A maior desilusão do actual ciclo de animações produzidas em computador.
É a maior desilusão do actual ciclo de animações produzidas em computador. Tem uma premissa inspiradíssima que sai direitinha dos clássicos filmes de monstros e de OVNIs que marcaram a série B dos anos 1950 e 60 (de "Godzilla" ao "Attack of the 50 Feet Woman"), cruzados com o filme-catástrofe dos anos 70 e entradas mais recentes como "O Dia da Independência".
Uma noiva suburbana apanha com um meteorito na tola e transforma-se numa mulher gigante que é levada pelo governo para a Área 51 e aí se junta a um contingente de monstros resultantes de experiências que correram mal, acabando por liderar os monstros contra uma invasão extra-terrestre por um aspirante a ditador de mau feitio. Há, ainda por cima, uma ideia curiosa em tornar esse inesperado gigantismo da mocinha suburbana numa espécie de "girl power" levado ao extremo, possibilitando a Susan tomar controle da sua vida. Mas é doloroso verificar que esta premissa inspirada, e a animação de excelente qualidade, é desbaratada numa história (creditada a seis argumentistas diferentes...) que parece limitar-se a esticar para hora e meia, sem ter ideia como, uma piada de base que se torna gasta. Já não é uma questão de - como todas as restantes animações da Dreamworks pós-"Shrek", incluindo as sequelas - "Monstros vs Aliens" se limitar a animar no grande écrã humor piadético de comédia televisiva à volta de um fiozinho de história; é mesmo o problema das piadas não serem grandemente inspiradas, resultando numa comédia penosamente desengraçada.
E levanta-se a dúvida: será que Jeffrey Katzenberg, o patrão da Dreamworks Animation, arriscou converter "Monstros vs Aliens" para 3-D a meio da filmagem porque sabia que não tinha um filme ao nível dos anteriores nas mãos? Ou será que a equipa de Conrad Vernon e Rob Letterman se deixou levar pelas potencialidades do 3-D ao ponto de descurarem o argumento? Seja qual for o caso, "Monstros vs Aliens" é uma fortíssima decepção.
