Zodiac

O novo filme de David Fincher não é nada do que queremos ou esperamos que ele seja. No limite, fica a sensação de que poderia ser qualquer tarefeiro a assiná-lo.

Mas o que Fincher quer é focar a sua câmara na obsessão, no modo como ela nos muda, nos transforma,acompanhando um caso de polícia verídico - a busca de um assassino em série que aterrorizou a Bay Areacaliforniana durante vários anos - que se transforma, para as suas personagens, numa obsessãoparedes-meias com a loucura alucinada, um abismo escuro ao qual se desce sem certeza de voltar asair. E nisso é talvez o mais "Fincheriano" de todos os seus filmes, mergulhando aos poucos o espectador numa claustrofobia opaca e desconfortável que torna"Zodiac" num dos mais improváveis candidatos a "blockbuster" de sempre.

Falta-lhe muita coisa para ser um grande filme, mas tem o essencial: um olhar singular de cineasta que foi à luta com os seus monstros.

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