México conturbado testa Portugal

Selecção treinada por Miguel “Piolho” Herrera precisou de muita felicidade para chegar ao Mundial. Pode ameaçar equipa de Paulo Bento ofensivamente, mas é frágil a defender.

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Chris Covatta/AFP

Relativamente perigosa do meio-campo para a frente, mas com fragilidades defensivas gritantes e a atravessar um período de instabilidade e indefinição. Este é o retrato mais fiel da actual selecção do México, que Portugal vai defrontar esta noite (madrugada de dia 7 em Lisboa) no Gillette Stadium. Numa fase mais adiantada de preparação para o Brasil, a formação da América do Norte já realizou dois jogos frente a outros “mundialistas” no estágio que está a realizar nos EUA, com um triunfo sobre o Equador (3-1), em Dallas, e uma derrota com a Bósnia (1-0), em Chicago. A vitória na primeira partida teve um sabor amargo, já que retirou da fase final o médio Luis Montes, um habitual titular, por lesão grave.

Pode dizer-se que foi necessário quase um milagre para os mexicanos garantirem a presença no seu sexto Mundial consecutivo. A sorte da “tri” (alcunha da equipa, em alusão às três cores da bandeira do país) foi a desgraça do Panamá, que esteve com um pé no Brasil, ao estar a vencer o último jogo da qualificação com os EUA, acabando por permitir a reviravolta já no período dos descontos. No quarto lugar do seu grupo de qualificação da CONCACAF, atrás dos EUA, Costa Rica e Honduras, o México teve de enfrentar um play-off com a modesta Nova Zelândia, que acabou por ultrapassar facilmente com um esclarecedor 9-3 no conjunto das duas mãos.

As dificuldades inusitadas da campanha para o Brasil valeram o despedimento de três seleccionadores, acabando por ser chamado de emergência (para disputar o play-off) o polémico Miguel Herrera, apelidado de “Piojo” (piolho, em português). Num ambiente de guerrilha entre os jogadores que alinham em equipas mexicanas e aqueles que actuam no estrangeiro, o viu-se ainda obrigado a deixar de fora do Mundial Carlos Vela, avançado da Real Sociedad e uma das maiores estrelas da equipa tricolor, que tem estado em confronto com a federação do seu país e se auto-excluiu da convocatória. Contestada foi ainda a chamada do veterano defesa Carlos Salcido, de 34 anos, que estará pela terceira vez num Mundial.

Sem um “onze” titular ainda definido, têm-se sucedido as experiências de Herrera, como já acontecera com os seus antecessores, que utilizaram 56 jogadores no trajecto da qualificação. Irrequieto no banco, o actual seleccionador é particularmente activo nas redes sociais, seja a trocar impressões com os adeptos (onde até pede conselhos sobre a equipa) ou na partilha de momentos íntimos familiares.

Herrera não é também particularmente cauteloso com as palavras, nomeadamente com as expectativas generosas que tem criado para este Mundial, projectando uma vitória num grupo que inclui “só” o anfitrião Brasil, Croácia e Camarões, e acreditando na possibilidade de alcançar a final do torneio. Numa perspectiva mais terrestre, o máximo que a selecção poderá ambicionar será chegar aos oitavos-de-final, por onde ficou nos últimos cinco Mundiais. Mas, ultrapassar o grupo A, não será exactamente uma tarefa corriqueira.

Ainda por estabilizar está também o sistema da equipa. O México tem preferencialmente apostado num sistema de três defesas, com algumas variantes à frente desta linha, mas pode ainda posicionar-se num 4-4-2 em losango ou num 4-2-3-1. Sem Vela, Chicharito Hernández, atacante do Manchester United, que conta com 58 internacionalizações e 35 golos apontados, será a flecha mais letal apontada à baliza portuguesa. Outro jogador a ter em destaque é o médio-ala do Valência Andrés Guardado, que foi emprestado nesta temporada aos alemães do Bayer Leverkussen.

Mais conhecidos dos portugueses são os portistas Héctor Herrera e Diego Reyes. O médio e o defesa central estão convocados e foram titulares na derrota com a Bósnia.

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