Medo nos funerais em Valongo dos Azeites

“Não vamos ao funeral, porque temos medo”, explicavam alguns habitantes da localidade de S. João da Pesqueira. GNR e a PJ vigiaram os funerais das duas mulheres alegadamente mortas por Manuel Baltazar, que as autoridades policiais procuram há seis dias.

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GNR continua a procurar suspeito. Paulo Pimenta

Durante os funerais das duas vítimas, na tarde desta terça-feira, em Valongo dos Azeites, o maior receio dos habitantes era que o homicida aparecesse armado na localidade do concelho de João da Pesqueira. “O nosso medo é que ele entre no funeral a matar toda a gente. Anda para aí à solta e pode fazer das dele”, diziam vizinhos e amigos da família das vítimas. “Não vamos ao funeral, porque temos medo que ele apareça lá”, explicavam. A GNR e a PJ vigiaram a cerimónia.

Outros habitantes garantem terem visto o homicida em Penedono e que este está a ser ajudado por amigos caçadores. “Que ele anda a rondar anda, ainda ontem o viram por Trevões”, garantem. “Ele conhece bem os cantos para se esconder. Ele só vai ser apanhado se um amigo o entregar”, reforça Domingos de Jesus que conta ter andado a trabalhar na vinha de Manuel Baltazar dias antes do crime. “Ele foi-me pagar no dia do crime. Devia-me quinze euros de um trabalho que estive a fazer na vinha dele. Disse-me que não queria ter dívidas com ninguém”.

O vizinho Carlos Silva está convencido que “durante o dia está escondido e à noite alguém o abastece de comida”. Também não tem dúvidas de que Manuel Baltazar se encontra nas redondezas, mas a GNR e a Polícia Judiciária continuam a procurá-lo, sem sucesso. “Ele está em Penedono. Esperemos que daqui a uns dias não venha fazer mais estragos, porque tem outras pessoas na lista para matar. Perdeu a cabeça e, para ele, tanto faz quantas pessoas vai matar”.

Pelos cafés de Valongo dos Azeites o sentimento era de revolta. “A polícia e as autoridades só aparecem quando há uma tragédia. Ele já fazia muitas ameaças à ex-mulher e ela queixava-se já há muito tempo à GNR, mas nada foi feito. A justiça também tem culpa”, garantiram.

Alexandre Herculano, amigo das vítimas, diz que Manuel “Palito”, como era conhecido o homicida, sempre que pressentia que a mulher andava fora de casa ia atrás dela. “Ele nunca aceitou o divórcio e andava sempre a tentar que a mulher voltasse para ele. Não queria que ninguém se desse com a ex-mulher e como a tia andava muito com ela matou-a", resume. “Ele já dizia que se ia vingar. Ia pedir satisfações às pessoas que a ajudavam. Era uma paixão doentia”, acrescenta, recordando que em Novembro passado, no Dia de Todos-os-Santos, já tinha tentado matar a ex-mulher: “Ele já tinha tentado matá-la com uma foice, quando ela foi ao cemitério levar flores ao pai”. Os habitantes de Valongo dos Azeites garantem ter mais informações, mas o medo não os deixa falar mais: “Se ele já estivesse morto, falávamos à vontade. Assim, não.”

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