GM quer investir 12.000 milhões de dólares em fábricas na China

Fabricante norte-americana quer disputar com alemã Volkswagen a liderança do mercado automóvel chinês, que deverá crescer cerca de 10% este ano.

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No dia em que arrancou o Salão Automóvel de Pequim, a norte-americana General Motors (GM) anunciou que pretende investir 12.000 milhões de dólares (8680 milhões de euros ao câmbio actual) até 2017 na construção de cinco fábricas na China.

“Estamos a investir de forma sensata e a acelerar a nossa capacidade de produção para fazer face à procura do mercado”, disse neste domingo o presidente da GM China, Matt Tsien, no Salão Automóvel de Pequim, citado pela AFP. A GM procura assim reforçar a sua presença no maior e cada vez mais competitivo mercado automóvel do mundo, que deverá crescer entre 8% a 10% este ano, um crescimento em linha com o que a própria fabricante automóvel antecipa para si.

Mas a GM, fabricante da Cadillac, não é a única com grandes expectativas em relação à China, onde no ano passado se venderam quase 22 milhões de automóveis. O presidente da marca alemã Volkswagen, Martin Winterkorn, disse aos jornalistas que quer continuar a ser líder de mercado na China e antecipa um "crescimento de dois dígitos" das vendas, num total de mais de 3,5 milhões de veículos. O objectivo é aumentar a distância face à GM, que no ano passado vendeu menos 110 mil veículos que a Volkswagen. E se a GM tem metas ambiciosas para aumentar em 65% a produção na China até 2020, a marca alemã quer ampliar em 50% a rede de concessionários até 2018, para 3600, e reduzir quase a zero as emissões poluentes dos seus veículos, disse Winterkorn.

Rivalidades à parte, o consenso é de que a China (que é desde 2009 o maior mercado automóvel do mundo, à frente dos Estados Unidos, Índia e Brasil), se manterá em 2014 como o motor de crescimento do sector. Depois de um crescimento de 14% em 2013, a expectativa é que as vendas de carros novos no gigante asiático se mantenham este ano em torno dos dois dígitos. Razão mais do que justificada para que os grandes fabricantes automóveis apostem todas as fichas na China quando, a nível mundial, o crescimento do mercado não deverá ir além dos 3%.

Entre os desafios ambientais e o luxo
Ainda assim, o sector automóvel chinês tem sido confrontado com desafios crescentes, especialmente nos grandes centros urbanos, onde as autoridades têm aplicado uma série de restrições à atribuição de novas matrículas para fazer face aos gigantescos engarrafamentos e aos níveis insustentáveis de poluição atmosférica. Mas, mesmo perante políticas ambientais mais restritivas e um abrandamento das vendas em Março (um crescimento homólogo de 6,6% a contrastar com a subida de 17,8% em Fevereiro), a que se soma o recuo para 7,4% do PIB chinês no primeiro trimestre, o entusiasmo dos fabricantes face ao mercado não arrefeceu. “A China conheceu o crescimento mais estável dos últimos anos”, afirmou o líder da marca francesa Peugeot, Maxime Picat, sublinhando que “é conhecida a capacidade de reacção do governo chinês quando há problemas [de crescimento]”.

O patrão do grupo alemão Daimler, que detém a Mercedes-Benz acredita mesmo que as restrições impostas por Pequim à circulação automóvel nas grandes urbes “beneficie o segmento dos topos de gama”. Porém, o optimismo parece ser válido apenas para as grandes marcas estrangeiras, já que as vendas dos fabricantes chineses afundaram cerca de 39% no primeiro trimestre do ano.

De resto, são também os stands dos grandes fabricantes internacionais que mais despertam atenções no Salão Automóvel de Pequim, onde as objectivas dos fotógrafos captam imagens de manequins sorridentes vestidas a condizer com as cores das carroçarias. A previsão é que neste evento, que decorrerá até 29 de Abril, sejam apresentados mais de mil novos modelos.

Os segmentos de luxo e “premium” têm crescido acima do mercado e, apesar de ainda serem dominados pelas marcas alemãs Audi (grupo Volkswagen), Mercedes-Benz (Daimler) e BMW, o aumento da concorrência é evidente. A britânica Jaguar, cujas vendas na China cresceram 30% em 2013, é uma das marcas que quer disputar a liderança alemã, apostando no “estilo britânico”, mas também na parceria com a chinesa Chery, com quem abriu uma nova fábrica que terá capacidade para produzir anualmente 130 mil veículos. A grande aposta vai também para o carisma da Land Rover no segmento dos 4x4 urbanos, num momento em que a popularidade dos SUV cresce no mercado chinês.

Ao volante de um modelo Mustang – marca que celebra os seus 50 anos – no primeiro dia do Salão Automóvel de Pequim, Alan Mullaly, o presidente da Ford, não tem dúvidas quando diz aos jornalistas: “O mercado [chinês] continua formidável”.

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