Fiat-Chrysler avança para o mercado chinês

Depois da Fiat ter comprado da Chrysler, o novo grupo vai começar a construir veículos Jeep na China, que é desde 2009 o maior consumidor de automóveis do mundo.

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A Fiat adquiriu a Chrysler com a finalidade de o novo grupo se tornar no sétimo maior fabricante automóvel mundial AFP PHOTO/Mark RALSTON

A construtora automóvel Fiat-Chrysler acaba de anunciar que vai começar a construir veículos Jeep na China, estando previsto arrancar com a produção já no próximo ano.

As notícias sobre o mercado automóvel antecedem a abertura, este domingo, do Salão Automóvel de Pequim (que alterna anualmente com o Salão de Xangai). A China é desde 2009 o maior consumidor de automóveis do mundo, à frente dos EUA, da India e do Brasil (este último na quarta posição).   

De acordo com as agências de notícias internacionais, a nova unidade de fabrico automóvel da Fiat-Chrysler será construída na região de Cantão, capital da província de Guangdong, em parceria com o grupo chinês Guangzhou Automobile Group Co. Em 2013, a Fiat-Chrysler exportou 60.000 veículos Jeep para a China, cujo mercado automóvel se expande acima dos dois dígitos. 

O investimento italo-americano em Cantão, um dos maiores centros financeiros e industriais do país asiático e uma mega plataforma portuária, inscreve-se no projecto de expansão da Fiat que no início do ano adquiriu a Chrysler, com a finalidade de que o novo grupo se torne no sétimo maior fabricante automóvel mundial. 

Sergio Marchionne, CEO da Fiat e presidente e CEO do Grupo Chrysler, projecta produzir cerca de 100 mil Jeep (estão em estudo 3 modelos adaptados ao mercado) por ano na China. Dos  731 mil veículos Jeep vendidos pela Fiat-Chrysler nos mercados mundiais, um crescimento anual de 4%, parte destina-se ao mercado chinês que, em 2013, comprou mais 29% do que no ano anterior .

Apesar de o processo de fusão só ficar fechado em 2015, as duas marcas já trabalham articuladamente, debaixo de uma única entidade (a FiatChrysler Automobiles-FCA), com o objectivo de se tornarem uma marca global, para concorrer com a General Motors, a Toyota e a Volkswagen.

Historicamente a Fiat tem estado sobretudo vocacionada para o mercado europeu e a Chrysler para o dos Estados Unidos. Sergio Marchionne já revelou que o grupo terá a sede na Holanda e domicílio fiscal no Reino Unido e que as acções serão negociadas nas Bolsas de Nova Iorque e Milão.  

Mercado chinês cresceu quase 14% em 2013

As grandes marcas automóvel multinacionais europeias e norte-americanas, estão, desde 2009, a procurar compensar a queda da procura com vendas na China, onde o Governo adoptou um conjunto de medidas anti-crise para fomentar a procura interna e a desaceleração das exportações. No plano de apoios Pequim incluiu subsídios à compra de automóveis menos poluentes e ajudas aos camponeses para que adquirissem veículos. Uma estratégia de estímulo à indústria local automobilística.

Em 2013, o mercado automóvel chinês cresceu 13,9% tendo sido vendidos 21,98 milhões de novos veículos. Em 2010, no gigante asiático apenas havia 35 veículos por cada mil pessoas, valor que nos EUA era de 800. Nos países desenvolvidos, em média, a fasquia ultrapassa os 400. 

A Fiat-Chrysler chegou tarde ao mercado chinês onde já operam os principais concorrentes. Apesar das medidas do governo chinês para refrear o consumo de bens de luxo (supérfluos), no Salão Automóvel de Pequim os veículos que mais vao ser promovidos destinam-se a milionários, um segmento da população em crescimento na sociedade asiática. E segundo os analistas a China deverá mesmo chegar a 2016 como o maior mercado de “automóveis premier”.

Na véspera da inauguração do certame, a Rolls Royce apresentou um novo modelo, o Pinnacle Phantom (com exterior de dois tons e uma linha na cor madeira vermelha), projectado para uma fatia de compradores de gama alta. O veículo deverá ser colocado no mercado a um preço que vai rondar os 850 mil euros.

Em 2013, as exportações mundiais da construtora britânica envolveram 3630 automóveis, 28% dos quais foram colocados na China (não incluindo Hong Kong), com o negócio a crescer 11%. A propósito deste mercado de luxo, James Wu, da Ernst & Young, citado pela AFP, explicou que a "Bentley e a Lamborghini viram, igualmente, disparar as suas vendas na China em 2013”, mas chamou a atenção para o facto de nos mercados de gama alta as marcas que predominam serem as alemãs (BMW, Mercedes, Audi), com crescimentos a rondar os 20%.

Mas é a Audi que lidera. Na China, em 2013, vendeu 492 mil veículos, mais 21% do que no ano anterior. O presidente da marca, Rupert Stadler, já veio dizer que a expectativa, em 2014, era ultrapassar 500 mil e que o negócio deverá continuar a expandir-se no país a dois dígitos. Mas agora a privilegiar as camadas mais jovens e localizadas fora das zonas costeiras mais dinâmicas.

Por seu turno, Dominique Boesch, à frente da divisão da Audi na China (onde a marca possui 340 sucursais, contra 500 projectadas em 2017), declarou que em sete anos o perfil dos clientes se alterou “consideravelmente”: “Antes tratavam-se largamente de quadro estatais ou dirigentes de empresas seniors. Agora, 90% são particulares, um terço dos quais são mulheres e 70% têm menos de 40 anos”, referiu, acrescentando que “hoje 60% dos compradores escolhem cores vivas em detrimento do preto tradicional.”

Também a marca japonesa Nissan se prepara para crescer no mercado dos consumidores chineses mais novos através de uma marca de luxo, a Infiniti, mas agora o objectivo é lançar um modelo 4x4 vocacionado para a alta gama.  

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