Descoberta primeira potencial “quase-Terra” extra-solar

Foi detectado, pela primeira vez, um planeta rochoso pouco maior do que o nosso e situado na zona dita “habitável” de uma estrela anã.

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Representação artística do planeta Kepler-186f, com a sua estrela anã ao fundo NASA/SETI/CalTech

Uma equipa internacional de astrónomos anunciou esta quinta-feira a descoberta do primeiro planeta extra-solar parecido com a Terra que, em teoria, poderia ter água líquida à sua superfície – condição sine qua non para a vida ­– por estar situado na zona dita "habitável" em torno da sua estrela. Os resultados, obtidos graças ao telescópio espacial Kepler da agência espacial norte-americana NASA, foram publicados na revista Science.

O Kepler foi lançado em 2009 e deixou de funcionar em 2013 devido a um problema técnico. Mas durante os quatro anos em que funcionou observou 160.000 estrelas, à procura de planetas extra-solares em seu redor. A actual descoberta resulta da análise que está agora a ser levada a cabo dos dados recolhidos pelo Kepler.

O novo planeta chama-se Kepler-186f e é o quinto planeta – e o mais exterior – do sistema da estrela anã Kepler-186. Foi descoberto, como centenas de outros planetas extra-solares, pelo método dito "dos trânsitos", que detecta as diminuições periódicas da luminosidade das estrelas causadas pela passagem de planetas à sua frente.

A equipa estima que o diâmetro de Kepler-186f é apenas 10% maior do que o da Terra – o que sugere fortemente que é rochoso. “As hipóteses de [Kepler-186f] possuir uma superfície rochosa como a da Terra são excelentes”, diz o co-autor Stephen Kane, da Universidade Estadual de São Francisco, em comunicado da sua universidade. A partir de um diâmetro 15% a 20% maior do que o da Terra, o mais provável seria que se tratasse de um "gigante gasoso" como Júpiter ou Saturno.

Até aqui, os planetas detectados nas zonas habitáveis de estrelas eram todos substancialmente maiores do que a Terra. Por isso, esta descoberta é considerada um marco na pesquisa de planetas “gémeos” do nosso, onde poderia existir vida tal como a conhecemos. Mas mesmo assim, como Kepler-186 é uma estrela anã, muito diferente do nosso Sol, diz Elisa Quintana, da NASA e autora principal do estudo, citada pela revista Science, os investigadores consideram "que [Kepler-186f] é mais um ‘primo’ da Terra do que um ‘gémeo’”.
 

  

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